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Ano 3 • Número 123

R$ 2,00 São Paulo • De 7 a 13 de julho de 2005

De novo, governo pede bênção à direita N

a noite de 5 de julho, o alto escalão do governo Lula se encontra com a nata da elite econômica e do conservadorismo para pedir apoio. Os ministros Antônio Palocci (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) foram a um jantar organizado pelo deputado Delfim Netto (PP-SP). Entre os convidados, líderes de sete entidades patronais; quatro banqueiros; executivos da Camargo Corrêa, CSN, Gerdau, Odebrecht e Votorantim. Além deles, os parlamentares chamados mostram o preço que o governo Lula está disposto a pagar para continuar no poder: cinco do PFL, quatro do PSDB, três do PT; cotas menores — um por agremiação — foram as do PC do B, PMDB, PP, PTB e PV. Bernardo e Palocci foram pedir bênçãos para um novo arrocho fiscal, proposta de Delfim para aumentar o pagamento da dívida via corte de despesas e aumento da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Tradução: menos gastos públicos, sobretudo em educação e saúde. Págs. 3 e 7

CMI

A pedido de Palocci, Delfim Netto atua como conselheiro e formulador da política econômica e articula pacto com elite

Em protesto irreverente, movimentos sociais e ONGs lutam contra a política neoliberal dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia, G-8, na Escócia

O PT não tem projeto de nação projeto popular e democrático morreu em 1964. O sociólogo, que ajudou a criar o PT, assinala a diferença entre projeto nacional e de poder – no primeiro, a formação da nação é a priori-

dade número um; no segundo, o principal é o próprio poder. Chico também alerta para um fato grave: no país, a política foi colonizada pela economia. Págs. 4 e 5 Luciney Martis/ BL 45 Imagem

Na sua formação, o conjunto do PT nunca teve um projeto para o país, afirma Chico de Oliveira, em entrevista ao Brasil de Fato. O intelectual avalia que, na história do Brasil, o

Nas ruas, 225 mil exigem do G-8 o combate à pobreza “É ingênuo acreditar na boavontade do G-8 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia)”. O lema de Yash Tander, ligada ao movimento sem-terra de Uganda, serviu de motivação aos 225 mil manifestantes que foram, dia 2, a Edimburgo (Escócia) cobrar dos líderes do G-8 o combate

à pobreza. As bandeiras foram o fim da dívida externa dos países pobres, justiça no comércio internacional e mais auxílio financeiro à África. Para Yash Tander, não dá mais para tolerar ajuda econômica condicionada à implementação de políticas neoliberais. Pág. 11

UNE reafirma que governo precisa mudar

Iniciativas contra a mídia hegemônica

Pág. 6

Paraguai cede imunidade às tropas dos EUA Pág. 9

Tsunami: 90% das doações não foram entregues Direito à moradia — Cerca de 8 mil integrantes de movimentos sociais, convocados pela Central dos Movimentos Populares (CMP), repudiam a política de limpeza social implementada pelo prefeito tucano José Serra

Policiais matam dois indígenas em Pernambuco Noite sangrenta na Ilha de Assunção, em Cabrobó (PE). Em 30 de junho, os indígenas Truká Adenilson dos Santos e seu filho, Jorge dos Santos, foram assassinados por dois policiais, à paisana, enquanto participavam da festa de São João de sua comunidade. Adenilson foi atingido pelas costas. Segundo os policiais, os indígenas reagiram a um mandado de prisão que apresentavam. O cacique Truká, Aurivan dos Santos, pretende denunciar o caso em audiência da ONU. Pág. 3

Pág. 15

E mais: SAÚDE – Ministério da Saúde dá ultimato a laboratório estadunidense: se até o dia 7 o preço do Kaletra (medicamento para a Aids) não baixar, sua patente será quebrada. Pág. 8 SEMINÁRIO – Intelectuais latino-americanos, reunidos em seminário em São Paulo (SP), de 4 a 6, defendem a elaboração de uma teoria social autônoma. Pág. 8

Na Venezuela, brotam iniciativas de alternativas à comunicação empresarial. Mais de mil concessões de rádios comunitárias já foram entregues. Outro exemplo é a Rede TV Sul, que inicia sua programação este mês, em caráter experimental. O projeto é gestado por Hugo Chávez, com apoio de Argentina, Cuba e Uruguai. O Brasil, que prepara um projeto paralelo, estuda sua participação. Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás, promete que, “mesmo sem ser um dos sócios”, o Brasil certamente irá participar da TV Sul. Pág. 10

OMC: a luta para impedir negociações Movimentos sociais lançaram, em Brasília, declaração defendendo a obstrução das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) “em nome da possibilidade de nossos países definirem suas políticas econômicas e sociais”. Segundo o documento, nos debates em preparação para 6ª Reunião Ministerial, marcada para ocorrer em dezembro, direitos básicos como o acesso à água, saúde e soberania alimentar estão sendo negociados como se fossem mercadorias. Pág. 9


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