BDF_120

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Ano 3 • Número 120

R$ 2,00 São Paulo • De 16 a 22 de junho de 2005

Esquadrão da moralidade entra em cena Aproveitando a fragilidade do governo Lula, elite se rearticula e provoca crise política com denúncias sem provas Sérgio Lima/Folha Imagem

Luciana Whitaker/Folha Imagem

Wilson Dias/ABR

PFL 25

Lula Marques/Folha Imagem

Eduardo Knapp/Folha Imagem

PSDB 45

PTB 14

PSDB 45

PFL 25

Retrato de um país repleto de desigualdades

A

direita brasileira mostra as garras. Grande imprensa, o tucanato (PSDB) e o Partido da Frente Liberal (PFL) se juntam em campanha denuncista sem comprovação, sob a batuta do “ex-collorido” Roberto Jefferson (PTB), para causar furor e desestabilizar o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Paralelamente ao recrudescimento das políticas imperialistas na América Latina e ao ascenso de mobilizações populares na região, os EUA articulam com seus representantes diretos, como o ex-presidente Fernando Henrique, formas para inviabilizar um segundo mandato de Lula. Apesar de ter feito tudo para agradar a direita, ela quer derrubá-lo: tucano por tucano, prefere o original. Outra possibilidade é refazer o pacto com a cúpula do Partido dos Trabalhadores, aumentar ainda mais a dose de neoliberalismo na política econômica e radicalizar de vez nas privatizações. Os Correios são a bola da vez. Isolado do povo pelas alianças que fez, o governo Lula ainda não encontrou forças para reagir. Neste panorama, os movimentos sociais se deparam com um enigma: não podem ser coniventes com os atos de corrupção, nem se somar às iniciativas da direita para isolar o governo. Págs. 2, 4 e 5

O capitalismo brasileiro é cruel, excludente e concentrador. É o que mostra o Ipea. O desemprego nas áreas metropolitanas do país é de 14%, porque a economia não cresce o suficiente. A concentração é muito perversa: 1% dos mais ricos (1,7 milhão de pessoas) fica com 13% da renda, a mesma porção dos 50% mais pobres (87 milhões). Pág. 7

Governo do Pará Empréstimos do Na África, trabalho escravo manda despejar BNDES favorecem 20 mil sem-terra os Estados ricos na Firestone Pág. 3

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Manan Vatsyayana/AFP/Folha Imagem

Um trabalhador do campo de extração de borracha da Firestone Rubber Plantation, na Libéria, chega a lidar com 850 árvores por dia - jornada que lhe dá direito a 3 dólares diários. Descontados os impostos, ele recebe 1,5 dólar por uma jornada de 12 horas. São os operários que pagam mais impostos do país. Mas a ação perversa da transnacional não acaba aí. A indústria também emite grande quantidade de fumaça e os resíduos do processamento da borracha poluem o rio Farmington. Pág. 12

EUA adiam decisão sobre terrorista

Na melhor das hipóteses, um índígena do povo Guajajara do Araribóia, no Oeste do Maranhão, recebe R$ 25 por um carregamento de toras de ipê, retiradas de seu território por madeireiros da região. Esse mesmo carregamento é vendido, no Sudeste do país, a R$ 200 mil. Na pior das hipóteses, os madeireiros podem pagar menos e, muitas vezes, pagam em espécie, e ainda ameaçam os índios de morte. Para completar, a exploração da madeira causa devastação e leva doenças fatais à comunidade. Pág. 13

E mais:

Prêmio Nobel diz que Bush pode usar bomba A médica australiana Helen Caldicott, criadora da entidade Médicos pela Prevenção da Guerra Nuclear (que em 1985 recebeu o Prêmio Nobel da Paz), alerta, em entrevista ao Brasil de Fato, que o perigo de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, vir a usar bombas atômicas contra países que considerar inimigos não está descartado. Se isso ocorrer, afirma, uma guerra nuclear deve eclodir, o que, no fim, levará à destruição da Terra. Pág. 11

Madeireiros exploram os Guajajara

COMUNICAÇÃO – Grupo Interministerial responsável pela elaboração de uma Lei Geral de Comunicação de Massa não discutirá temas como monopólio e concessões. Pág. 6 CULTURA – O professor Wolfgang Leo Maar analisa a maneira pela qual o capitalismo se apropria do direito ao ócio das pessoas. Pág. 16

Exploração – Garoto indiano participa de mobilização mundial contra o trabalho infantil, dia 12. No Brasil, de 1995 a 2003, o número de crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos que trabalhavam caiu 47,5%, segundo dados do IBGE


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