Ano 3 • Número 119
R$ 2,00 São Paulo • De 9 a 15 de junho de 2005
Terror contra indígenas no Maranhão A
omissão do Estado e a certeza da impunidade fizeram novas vítimas da violência no Maranhão. Dia 21 de maio, o cacique João Araújo Guajajara, de 70 anos, foi assassinado com dois tiros no peito. Sua filha foi estuprada e seu filho, ferido com um tiro na cabeça. Mais dez lideranças indígenas e missionários que atuam no município de Grajaú estão numa lista de jurados de morte do mesmo grupo de pistoleiros. O crime foi anunciado: o cacique havia registrado ocorrência das
ameaças na polícia. O chefe do posto indígena, Alderico Lopes Guajajara, pediu à Fundação Nacional do Índio (Funai) agilidade na demarcação da terra Bacurizinho e solicitou proteção à Polícia Federal. Mas não teve resposta aos pedidos. Depois do ataque dos pistoleiros, que queimaram casas na aldeia Kamihaw, as famílias estão vivendo em malocas à beira de uma rodovia. Segundo os Guajajara, os pistoleiros passam de carro e dizem que vão matá-los se voltarem para a terra. Pág. 3
Aizar Raldes/ AFP/ Folha Press
Milícias do latifúndio matam e estupram os Guajajara; polícia já sabia das ameaças, mas não agiu
O governo conseguiu: a economia não cresce República. O coquetel PalocciMeirelles – queda de salários, desemprego elevado, arrocho nos gastos públicos, juros e impostos sem precedentes – nocauteou a economia. Pág. 7
Chávez amplia alcance da reforma agrária
Justiça dá posse de terra a quilombolas
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está cumprindo com sua promessa de fazer a reforma agrária. Dia 3, entrou em vigor uma lei que altera o conceito de latifúndio improdutivo. Agora, qualquer propriedade, independentemente de seu tamanho, poderá ser desapropriada se não tiver produção satisfatória. Antes, apenas áreas superiores a 5 mil hectares corriam perigo. Pág. 10
A Justiça acatou uma ação do Instituto de Terras de São Paulo (Itesp) e cancelou liminar de reintegração de posse concedida a uma imobiliária de luxo, garantindo, assim, a permanência de 44 famílias descendentes de escravos num território quilombola. O terreno da comunidade Caçandoca é muito valorizado, pois fica à beira de uma praia em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Pág. 13
Mutirões de SP sofrem por falta de verbas
Pelo comércio, Brasil defende transgênicos
Os mutirões de habitação de São Paulo não recebem um centavo desde que José Serra assumiu a prefeitura da cidade. Dia 30 de maio, a Secretaria de Habitação anunciou a liberação, ainda em junho, de R$ 3,8 milhões para o programa. Os recursos estarão disponíveis apenas para 15 obras. Segundo os mutirantes, o valor é insuficiente e, além dos outros 27 mutirões não receberem nada até ser definida a próxima liberação de verbas, novas obras estão descartadas. Pág. 5
O Brasil e a Nova Zelândia foram os dois únicos países a se oporem à definição de regras mais claras para a rotulagem de produtos transgênicos comercializados internacionalmente. A tomada de posição ocorreu durante a segunda Conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada entre os dias 30 de maio e 3 de junho, em Montreal (Canadá). Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a delegação brasileira atuou sob orientação da Casa Civil. Pág. 3
Indígenas, agricultores e mineiros bolivianos realizam passeata por La Paz e pedem novas eleições e fim a uma crise política
Em SC, povo Na OEA, América nas ruas contra Latina rejeita preço do ônibus tutela dos EUA Pág. 8
Presidente cai; crise continua na Bolívia
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Olivier Boëls/ Greenpeace
Nem crescimento, muito menos sustentado ou virtuoso, adjetivos muito usados pelo ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central, comandantesem-chefe da política econômica, com respaldo do presidente da
Contra a impunidade – Dia 7, irmã Dorothy Stang completaria 74 anos. Entidades de direitos humanos e o Fórum de Reforma Agrária e Justiça no Campo realizaram ato, em Brasília, para pedir a federalização do crime contra a religiosa
Na Bósnia, o massacre segue impune
Reforma mantém privilégios do ensino privado
Dez anos após os massacres em Srebrenica, em Sarajevo, os bósnios ainda não esqueceram a tragédia. Exigem a captura e o julgamento dos criminosos de guerra diante do Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda. Para um parlamentar, falta vontade política do governo bósnio e da comunidade internacional. Na cidade, o cerco dos sérvios sobre os muçulmanos – pelo menos 8 mil civis mortos – ainda é lembrado pelas marcas nos edifícios. Pág. 11
São poucas as reivindicações de entidades docentes e estudantis contempladas na segunda versão da reforma universitária, divulgada dia 30 de maio pelo Ministério da Educação. Criticada pela falta de debate com os setores envolvidos, a proposta do governo “é ainda pior do que a primeira, que tinha avanços tímidos, periféricos em relação à totalidade, que é conservadora”, na opinião de Rodrigo Pereira, um dos diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE). Pág. 6
E mais: DEBATE – O sociólogo Emir Sader analisa, em artigo exclusivo, o papel dos movimentos sociais na luta contra o neoliberalismo. Pág. 14 CINEMA – Em entrevista, o cineasta Sergio Bianchi, autor de Cronicamente Inviável, fala de seu novo filme Quanto Vale ou É por Quilo? e das críticas ao Terceiro Setor. Pág. 16