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Ano 3 • Número 113

R$ 2,00 São Paulo • De 28 de abril a 4 de maio de 2005

Os números ocultos da reforma agrária E

les cansaram de esperar. Trabalhadoras e trabalhadores rurais de todos os cantos do país se mobilizam para marchar, de 2 a 17 de maio, de Goiânia a Brasília. Exigem coerência e atitude do governo. Cobram do presidente Luiz Inácio Lula da Silva compromisso do 2º Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) de assentar 400 mil famílias até o final do mandato. O governo está longe de cumprir a meta. Números obtidos com exclusividade pelo Brasil de Fato mostram que os

dados da reforma agrária são maquiados. A maioria das 110 mil famílias que o Incra contabiliza como assentadas em 2003 e 2004 foram, na verdade, respaldadas por projetos de governos anteriores, como o de Fernando Henrique. Por uma reforma agrária verdadeira, e outras medidas, como a mudança da política econômica, os trabalhadores querem se encontrar com representantes do governo. Mais do que negociar, querem ação imediata. Págs. 7 e 8

Greg Wood/ AFP

Mobilização nacional cobra as promessas do governo, como o assentamento de 400 mil famílias até 2006

Monsanto tenta se infiltrar nas escolas zonte Geográfico, defendendo os transgênicos e o agronegócio. No final da tarde do dia 26 de abril, nota oficial do ministério vetou o projeto por ter desvirtuado seus objetivos originais. Pág. 3

Assalariados pagam mais IR do que bancos

EUA querem ajuda do Brasil contra Chávez

Principal beneficiário da política econômica, o setor financeiro deveria pagar impostos proporcionais aos seus ganhos. Em 2004, os lucros aumentaram 36%, e os tributos menos de 9%. Enquanto isso, em 2004, o IR recolhido pelas instituições financeiras foi de R$ 6 bilhões, e os trabalhadores foram espoliados em R$ 31,5 bilhões. Isto é, os assalariados recolheram cinco vezes mais IR do que os bancos. Pág. 5

A secretáriade de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, aterrissou em Brasília, dia 26 de abril, tendo entre suas missões principais conseguir a influência do Brasil para a estabilização da América Latina. Leia-se: apertar o cerco contra a revolução bolivariana da Venezuela. No entanto, as relações políticas e comerciais em curso entre os dois países mostram que a tarefa será bem difícil. Pág. 10

Mais um neoliberal cai no Equador Sentindo-se traída, a população da capital, Quito, promoveu intensos protestos que levaram, dia 20 de abril, à queda do presidente Lucio Gutiérrez. Eleito em 2002, ele prometeu reformas sociais, mas seu governo foi uma sucessão de políticas neoliberais, como a dolarização da economia e os acordos bilaterais com os EUA. Gutierrez se dizia o principal aliado de George W. Bush na América Latina. Pág. 9

Banrisul e Besc não serão privatizados Pág. 6

Franceses contra Constituição da União Européia Pág. 11

O legado de Andre Gunder Frank Pág. 15

Autonomia – Manifestantes protestam contra acordo para exploração de petróleo por parte da Austrália no Timor Leste

Antônio Cruz/ABr

Por pouco, a transnacional não obtém recursos do Ministério da Cultura para patrocinar o projeto “Janela para o Mundo”, que levaria para escolas públicas de 2º grau de vários Estados, material produzido pela editora Hori-

Forças Armadas devem ser vistas como parceiras

Terra livre – Setecentos líderes indígenas participam do Fórum de Defesa dos Direitos Indígenas, em Brasília

Rede Globo, uma ditadura de 40 anos Nascida nos porões do governo militar, em 1965, a partir de um acordo ilegal com a empresa estadunidense Time Life, em 26 de abril a Rede Globo completou 40 anos de monopólio dos meios de comunicação. Em quatro décadas de hegemonia no setor, a emissora se firma como um dos mais influentes agentes econômicos da história, ao mesmo tempo que aprisiona o imaginário popular e omite seu verdadeiro caráter manipulador. Págs. 4 e 14

Em entrevista ao Brasil de Fato, o tenente-brigadeiro-doar Sérgio Ferolla, ex-ministro do Superior Tribunal Militar, defende a integração dos países da América do Sul contra os Estados Unidos. “O eixo tem de ser Caracas – Terra do Fogo”. Ele garante que 80% das Forças Armadas do Brasil, hoje, apoiariam um projeto de desenvolvimento para o país em conjunto com os movimentos sociais. Pág. 13

E mais: DEBATE – Marcelo Resende e Maria Luisa Mendonça, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, tratam do assassinato de irmã Dorothy e das causas da violência no campo. Pág. 14 CULTURA – Ensaio fotográfico de João Roberto Ripper com povos Guarani do Mato Grosso do Sul aborda a cultura indígena. Pág. 16


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