Ano 3 • Número 110
R$ 2,00 São Paulo • De 7 a 13 de abril de 2005
Policiais militares aterrorizam pobres no campo e na cidade
Parentes e amigos das vítimas da chacina no bairro Inconfidência, em Queimados (RJ), fazem passeata em defesa da paz, pelas ruas do município da Baixada Fluminense
A ausência do Estado, claramente manifestada na impunidade e na falta de políticas públicas, tem levado aqueles que deveriam ser agentes da lei a combater parcela do povo brasileiro. Na cidade, as vítimas são, na maioria, pessoas pobres, em especial negros e pardos. Ou seja, a maioria da população do país. Os criminosos confiam que vão continuar sem punição por suas investidas contra a vida e os direitos dos excluídos. Assim, dia 31 de março, policiais assassinaram 30 pessoas no Rio de Janeiro, a maior chacina da história do Estado. Para o ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, foi uma afronta ao Estado. Outra, ocorreu dia 5, quando integrantes de uma milícia armada, chefiada pelo tenente-coronel Copetti Neves, da PM do Paraná, foram presos por promover violentas desocupações de terras, sem autorização da Justiça. Em Santa Catarina, seis líderes do Movimentos dos Atingidos por Barragens ficaram detidos 24 dias, no primeiro caso, desde a ditadura, de prisão preventiva por descumprimento de interdito proibitório – ação movida para tentar evitar ocupações. Págs. 5 e 8
Progressistas querem um papa mais avançado
Na Venezuela, desapropriação de terras ociosas
Alessandro Costa/Agência O Dia/AE
Acostumados com a histórica impunidade no Brasil, agentes da lei atacam a população excluída
A chuva voltou a cair, mas as perdas da estiagem são irreversíveis. No Rio Grande do Sul, a safra de milho foi praticamente perdida e a de soja foi a menor
desde 1991. Nesse quadro, setores do agronegócio passaram a exigir socorro. Mesmo que, por anos seguidos, tenham obtido bons ganhos, como os grandes
sojicultores, sempre com acesso ao crédito oficial, que exclui milhares de micro e pequenos agricultores. Págs. 6 e 7
Celso Júnior/AE
O substituto do papa João Paulo II, falecido dia 2, deve estar disposto a discutir as relações entre ciência e religião, moral sexual e celibato. Essa é a expectativa de religiosos brasileiros ligados à Teologia da Libertação. Mas, seja qual for o escolhido, o conservadorismo da Igreja vai continuar, pois a maioria do Colégio Sagrado recebeu os ensinamentos das encíclicas de Karol Wojtyla. Pág. 9
Seca prejudica mais os pequenos
Protestos contra antiindigenismo do governo Lula Diversas etnias se movimentam para protestar contra a política antiindigenista do governo Lula, e lutar por seus direitos à terra, saúde e educação. O Abril Indígena vai denunciar que o governo, até agora, não demonstrou vontade política em relação às questões indígenas. Seu principal ato será a construção do acampamento Terra Livre, em Brasília, entre 24 de abril e 3 de maio. Pág. 3
Nigéria quer renegociar dívida externa Com uma dívida externa de 35 bilhões de dólares, a maior entre os países africanos, a Nigéria quer seguir os passos da Argentina na renegociação com os seus credores. O governo nigeriano, inclusive, manteve contatos com o argentino para tratar das questões relacionadas à administração da dívida. O presidente Olusegun Obasanjo conta com o apoio da Câmara dos Deputados, que enviou ao Senado moção em defesa do não pagamento da dívida externa. Pág. 12
A companhia inglesa Vestey Group, que se dizia proprietária de 56 mil hectares na Venezuela, percebeu que o presidente Hugo Chávez não estava fazendo bravatas ao defender a reforma agrária. A empresa teve metade de sua fazenda Los Cocos desapropriada por não desenvolver atividades produtivas e não provar que havia comprado a propriedade. Chávez destinou a área para camponeses sem-terra e pretende desenvolver ali os Núcleos de Desenvolvimento Endógeno, um dos projetos da revolução bolivariana para romper com o neoliberalismo. Pág. 10
Na Argentina, Câmara agrada política de Bush Pág. 11
Repressão não freia movimentos na Guatemala Homenagem ao papa, na Praça São Pedro, no Vaticano: linha conservadora pode ser mantida no governo da Igreja
E mais: DEBATE — O jornalista chileno Hernán Uribe defende a criação da Telesul como contraponto à hegemonia da informação dos EUA e Europa, e o economista Jean Marc von der Weid discute a composição da CTNBio. Pág. 14 TEATRO — Após pressão, prefeitura de São Paulo volta atrás e mantém Programa Municipal de Fomento ao Teatro. Pág. 16
PUC-SP pode perder título de filantrópica A Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) corre o sério risco de perder seu título de filantrópica. O Ministério Público Federal entrou com ação civil pública contra a Fundação São Paulo, mantenedora da universidade, por entender que esta não converte 20% de sua renda bruta em projetos de assistência social, medida exigida das instituições de ensino filantrópicas. Para o movimento estudantil, a PUC ficará cada vez mais elitizada. Pág. 4
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