Ano 3 • Número 108
R$ 2,00 São Paulo • De 24 a 30 de março de 2005
A farsa por trás dos juros altos Governo manipula dados para justificar o arrocho da economia. Já a imprensa conservadora aplaude e faz o mesmo
À margem da lei, transgênicos são liberados
Rolex dela Pena/EFE/AE
A
grande mídia conservadora tenta vender à opinião pública a falsa informação de que a política de juros escorchantes não consegue conter a inflação porque o governo voltou a gastar muito, e mal. Por isso, os preços sobem. A verdade é que o Banco Central continua aumentando os juros, mas a inflação está sob controle e sem risco de explodir. A imprensa omite os dados que mostram como os gastos do governo não crescem, e sim diminuem. A mesma mídia continua apontando para um falso déficit da Previdência que, como tem mostrado o Brasil de Fato, é superavitária. No mundo real, os juros altos freiam as atividades produtivas, o que já se faz sentir na indústria, ameaçando emprego e salários. E também como resultado da alta dos juros, o governo gasta mais com o pagamento da dívida, o que, a rigor, está por trás do corte do orçamento de 2005. Pág. 7
Antes mesmo de o presidente Lula sancionar o projeto de lei de Biossegurança, aprovado pelo Congresso Nacional, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizou, dia 17, o plantio e a comercialização do algodão Bollgard, da transnacional Monsanto. Para especialistas, a CTNBio segue sua própria lei e baseia suas decisões em aspectos políticos. A sociedade prepara sua reação. Romário Rosseto, do Movimentos dos Pequenos Agricultores (MAP), conta que haverá ocupações de mercados para retirar das prateleiras produtos transgênicos e queimá-los, caso a rotulagem não seja cumprida. Também é preparado um festival de ações na Justiça contra União, CTNBio e Monsanto. Pág. 13
Por um PT fiel às suas origens
Bush ataca e quer Wolfowitz no Banco Mundial
Deputados federais petistas lançaram, no dia 20, o Bloco de Esquerda, com o objetivo de resgatar o caráter militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Em evento em São Paulo, os parlamentares se colocaram contra a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista e alguns pontos da sindical. O deputado Ivan Valente (PT-SP) criticou a política econômica do governo, “que concentra renda e impede investimentos nas áreas sociais”. Pág. 4
Indicado por George W. Bush, o vice-secretário de Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, deve ser o novo presidente do Banco Mundial. Wolfowitz formulou a política belicista dos EUA, que culminou nas intervenções do Afeganistão e do Iraque. Organizações do mundo todo repudiam a indicação por considerá-la um risco, pois dá ainda mais poder a Bush para pressionar governos de países pobres a se alinhar com sua política imperial. Pág. 11
Depois de o presidente argentino, Néstor Kirchner, convocar um boicote contra a Shell, no México, camponeses e ambientalistas realizaram manifestações contra as empresas estadunidenses Texaco e Shell. O motivo são as concessões no setor elétrico dadas pelo governo às petrolíferas. Os manifestantes dizem que a situação energética do país vai se agravar, pois entregarão a transnacionais o controle da eletricidade. Pág. 10
Busca da unidade na luta pela água As atividades do Dia Mundial da Água, 22 de março, tiveram um significado especial em 2005 para sindicatos, organizações e movimentos sociais. É que está em curso uma articulação inédita para alcançar uma
unidade entre todos aqueles que defendem a água como um bem comum da humanidade. Essa plataforma se opõe à privatização dos serviços de saneamento e à mercantilização dos recursos hídricos. Dois atos
impulsionaram essa aliança internacional: o Fórum Mundial Alternativo da Água, em Genebra (Suíça), e o lançamento da Plataforma Global de Luta pela Água. Pág. 5
Bispos pedem Reforma ameaça José Graziano libertação de organização dos analisa a presos políticos trabalhadores política agrícola Dezessete bispos da Igreja Católica publicaram, dia 21, carta em que denunciam a violência com as famílias afetadas pela construção de barragens no Brasil. “Antes de produzir energia, as hidrelétricas produzem excluídos”, resume o bispo emérito de Vacaria (RS), dom Orlando Dotti. Até o fechamento desta edicão, seis agricultores atingidos pela barragem de Campos Novos (SC) continuavam presos. Pág. 3
Críticos da reforma sindical argumentam que ela fortalece a cúpula das centrais, legaliza o fura-greve e estabelece a intervenção do Estado, entre outros retrocessos. A CUT defende a reforma, alegando que a base pode seguir o próprio caminho, quando discordar de alguma decisão sua: “O projeto representa um avanço em comparação com a atual legislação”, afirma João Felício, da direção da entidade. Pág. 6
Pág. 8
A luta das mulheres de Burkina Faso Pág. 12
Luciney Martins
Protesto contra a Shell: agora, no México
Protesto – Nas Filipinas, manifestação contra o sofrimento imposto pelas políticas neoliberais da presidente Gloria Arroyo
E mais: IRAQUE — No dia 19, em todo o mundo, pessoas saíram às ruas para protestar contra a Guerra do Iraque. Nos EUA, dobrou o número de cidades com mobilizações. Pág. 11 CULTURA — Projeto Cachuera! mistura canção, divertimento e ensinamentos, propondo educação musical para um público sem preconceitos. Pág. 16
Fraternidade e paz – Crianças e adolescentes participam da Via-Sacra, dia 18, em São Paulo, e pedem a implementação de políticas públicas de proteção social