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Ano 3 • Número 106

R$ 2,00

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São Paulo • De 10 a 16 de março de 2005

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Igualdade, liberdade, justiça e paz

No Dia Internacional da Mulher, mais de 40 mil participam da Marcha Mundial de Mulheres pelas ruas da capital paulista

A batalha ainda não terminou na Bolívia Os movimentos sociais anunciaram que vão prosseguir com os bloqueios de estradas no país. As organizações querem que o governo aumente os impostos para as transnacionais que exploram o gás natural e convoque uma nova Assembléia Constituinte. A tendência é que os conflitos sociais se agravem na Bolívia. O presidente Carlos Mesa se nega a cumprir os com-

promissos definidos na agenda de outubro de 2003, quando as organizações depuseram Gonzalo Sanchez de Lozada e Mesa, então vice-presidente, assumiu. Em vez disso, em uma manobra extremada, Mesa ameaçou renunciar e conseguiu que o Congresso lhe desse mais fôlego político para se opor aos movimentos sociais. Pág. 9

Anatel e polícia fecham rádio comunitária

EUA querem sua democracia na América Latina

Contrariando orientação da Presidência da República, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não mudou sua rotina de fiscalizações e fechou, na semana passada, em parceria com a Polícia Federal, a rádio comunitária Estância, em São Roque, no interior de São Paulo. Grupo interministerial, encarregado de avaliar a regulamentação da radiodifusão comunitária no país, tem até metade do ano para apresentar resultados eficazes. Pág. 4

Estiagem no Sul prejudica agricultores A falta de chuvas no Rio Grande do Sul está produzindo uma realidade caótica principalmente entre os pequenos produtores rurais. A produção de leite caiu cerca de 72 milhões de litros e a saca de soja já perdeu quase metade de seu valor. Agricultores e assentados ligados à Via Campesina e à Federação dos Trabalhadores de Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) decidiram se mobilizar para cobrar ações emergenciais dos governos gaúcho e federal. Pág. 13

Dado Galdieri/AP/AE

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ivididas em quatro alas de cores e temas diferentes – igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade –, cerca de 40 mil pessoas marcharam pelas ruas de São Paulo, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Mais de 50 entidades aderiram à manifestação que lançou a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. “Desde a década de 80 não vemos uma articulação entre campo e cidade tão forte entre as feministas”, disse Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres. O evento consolidou a construção de uma articulação entre as organizações. As mulheres também se mobilizaram em outras cidades do país. Em Brasília, um grupo se encontrou com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e criticou os cortes orçamentários que prejudicam a reforma agrária. Em Chapecó (SC), cerca de mil mulheres acamparam na praça central. Em Pernambuco, duas mil homenagearam a missionária Dorothy Stang, assassinada no Pará. Pág. 3

Robson Fernandes/AE

Feministas levam cerca de 40 mil pessoas às ruas de São Paulo para lançar a Carta Mundial das Mulheres

A soberania alimentar nas mãos de Lula A Câmara aprovou, dia 2, o Projeto de Lei de Biossegurança, que dá à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) o poder de decisão para liberar transgênicos. Agora, o plantio e a comercialização desses produtos depende de sanção presidencial. Vêm aí ameaças aos pequenos agricultores, ao meio ambiente, à saúde dos consumidores, à soberania alimentar e até à balança comercial. Págs. 2 e 13

Tortura corre solta no Espírito Santo

Pág. 10

Camponeses do Haiti dão lição na luta por terra Pág. 11

Jornalista italiana relata seu seqüestro Pág. 11

Na Bolívia, mais um protesto contra a política econômica de Carlos Mesa

E mais: CUBA — Sociólogo estadunidense James Petras lança campanha pedindo liberdade e Nobel da Paz aos cinco cubanos presos irregularmente nos Estados Unidos. Pág. 10 DEBATE — Manifesto defende que a única saída possível para o Brasil passa pela forte atuação do Estado como gestor de um projeto nacional centrado na questão social. Pág. 14

No Espírito Santo, a situação dos presídios preocupa entidades de defesa dos direitos humanos, como a Pastoral Carcerária, o Conselho Estadual de Direitos Humanos e o Juizado da Quinta Vara de Execuções Penais. Eles denunciam a tortura de presos, superlotação, adolescentes infratores cumprindo pena em presídios, ambiente insalubre e instalações físicas comprometidas. Pág. 5

Cerco político aos povos indígenas Em dois anos de governo Lula, foram assassinados 63 índios, e a tendência é esse quadro de violência se agravar ainda mais. A avaliação é de dom Franco Masserdotti, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em entrevista ao Brasil de Fato, ele acusa Lula de trair promessas de campanha, ser refém de políticas econômicas que provocam a destruição ambiental e colocam em risco a sobrevivência dos povos indígenas. Pág. 8


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