BDF_105

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Ano 3 • Número 105

R$ 2,00 São Paulo • De 3 a 9 de março de 2005

No Haiti, exploração, caos e desgoverno Kent Gilbert/Associated Press/AE

As autoridades locais delegam os destinos da nação a organismos internacionais e corporações transnacionais

Simpatizantes do ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide realizam protesto em Porto Príncipe, no Haiti, e defendem o fim da intervenção das Nações Unidas

Análise vai dizer se coca-cola vicia coca-cola. Segundo denúncia de um ex-funcionário, a transnacional utiliza substância extraída da folha de coca, o que é proibido pela legislação brasileira. No dia 15 de fevereiro,

Na abundância Esquerda assume ou crise, bancos no Uruguai, após ganham sempre décadas de luta

a Justiça julgou improcedente ação movida pela Spal, maior engarrafadora da Coca-Cola no Brasil, contra a empresa de refrigerantes Dolly. Pág. 13 Eduardo Knapp/Folha Imagem

O Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, aguarda apenas a chegada de equipamentos para realizar análise do extrato vegetal utilizado na composição do refrigerante

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ia 28 de fevereiro, especulava-se que o saldo do confronto entre gangues e polícia, na capital, Porto Príncipe, era de oito mortos. Uma estatística não-oficial, como quase tudo no Haiti ocupado por soldados da missão da ONU, coordenada pelo general brasileiro Heleno Ribeiro Pereira. Ele avalia que a situação está sob controle e que a população recebe de braços abertos os militares estrangeiros. Para o Movimento de Camponeses de Papay, principal organização social do país, a sociedade civil organizada é radicalmente contra os soldados das Nações Unidas, e considera que ocupam injustificadamente seu país. Com apoio e recursos internacionais, as elites implantaram uma zona franca, isenta de impostos, protegida por cerca elétrica, inacessível à população local e à imprensa, relata o repórter João Alexandre Peschanski, enviado especial do Brasil de Fato ao Haiti. Mas foi na indústria têxtil da zona franca que os operários começaram a melhorar as condições de trabalho. Págs. 10 e 11

Há décadas, os bancos sempre têm lucros. Em 2004, alguns bateram recordes históricos. Os bancos ganham com os juros cobrados nos empréstimos, com as tarifas extorsivas dos seus serviços, com os títulos do governo, que remuneram com os juros mais altos do planeta. Enquanto arrocham os salários dos bancários, só os ganhos com tarifas das instituições financeiras pagariam todas as despesas com pessoal. Pág. 7

Dia 1º de março, tomou posse o novo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, eleito pela coalizão Frente Ampla, de partidos e grupos de esquerda. A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos principais líderes da América Latina. No governo, Vázquez propõe a criação de um plano de emergência para resolver os problemas sociais do país, que vive um clima de esperança. Pág. 9

Mídia padroniza Na Venezuela, as mulheres e comemoração de reforça machismo rebelião popular

Panelaço – Estudantes protestam contra o aumento de 67% no salário dos deputados federais, em São Paulo

Assentamento para sem-terra de Felisburgo Pág. 4

E mais: ÁFRICA — ONG estadunidense financiada pelo magnata Bill Gates usou 400 prostitutas camaronesas como cobaias para testar remédios contra a Aids. Pág. 12 DEBATE — Reinaldo Corrêa Costa, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, conta a história e a geografia da violência no Pará. Pág. 14

Brasil lidera a campanha pelo software livre Pág. 6

Índices sociais pioraram em 2003, diz IBGE Pág. 6

Na mídia, a imagem feminina que predomina é a de mulheres “perfeitas e lindas”, objeto do desejo masculino. “Diante delas, as demais que aparecem na publicidade são inferiores ao ideal”, avalia, em entrevista, a psicanalista Maria Rita Kehl. As conseqüências dessa postura: “Muito sofrimento e uma espécie de alienação”, diz. Pág. 8

Há 16 anos, acontecia em Caracas, capital da Venezuela, o Caracazo, rebelião popular contra o ajuste econômico apresentado pela ditadura do presidente Carlos Andrés Perez, que visava assegurar empréstimo concedido pelo FMI. Para muitos, a revolta marcou também o início da trajetória de Hugo Chávez rumo à presidência, dez anos depois. Pág. 9

Congresso ignora limite máximo à propriedade

Banco Mundial: agricultura gera desenvolvimento

Emenda constitucional que limita o tamanho máximo das propriedades rurais está guardada no Congresso há cinco anos, à espera de momento propício para ser levada a votação. Se aprovada, ao Norte, nenhuma fazenda poderá superar os 3.700 hectares. Leia também entrevista ao Brasil de Fato com o deputado federal João Alfredo (PT-CE), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, que terá como novo foco a violência no campo. Pág. 3

Até mesmo o Banco Mundial reconhece: as comunidades rurais são indispensáveis para o desenvolvimento dos países latino-americanos e caribenhos. A constatação está na principal pesquisa anual do organismo financeiro, que associa o impacto das atividades agrícolas nas economias locais à redução da pobreza. O relatório ressalta também que a contribuição do setor rural foi prejudicada pela insuficiência de políticas públicas adequadas. Pág. 4


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