Ano 3 • Número 101
R$ 2,00 São Paulo • De 3 a 9 de fevereiro de 2005
Robson Oliveira
Na agenda comum de lutas construída pelos movimentos sociais no 5º Fórum Social Mundial (FSM), ganha força a ofensiva global contra o imperialismo e pela reforma agrária
No Fórum, avança unidade dos movimentos Organizações sociais de todo o mundo definem lutas conjuntas e ações coordenadas para 2005
O cineasta Walter Salles defende a presença estatal na regulamentação do setor, assim como um cinema plural. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele diz que não é contra filmes de grande público, mas não abre mão do espaço da produção que vem na contra-corrente. Ele ficou surpreso com a indicação ao Oscar do Diários de Motocicleta. “Esperávamos pouco devido à temática do filme, principalmente em um momento tão obscurantista como o que os EUA vivem”, explica. Pág. 16
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, visita assentamento do MST, em Tapes (RS)
Mulheres fazem carta mundial por direitos Pág. 7
África rejeita o terrorismo econômico Pág. 12
Brasil de Fato: dois anos de resistência Pág. 15
Maringoni
Estado precisa regulamentar o audiovisual
Fernando Morán
O
s movimentos sociais definiram uma plataforma comum para, coordenadamente, enfrentar os problemas sociais e o neoliberalismo. Em assembléia realizada dia 31 de janeiro, em Porto Alegre, no último dia do Fórum Social Mundial, organizações de todo o planeta estabeleceram uma agenda unificada, com mobilizações globais contra a dívida externa, a militarização e os tratados de livre-comércio, entre outros temas. Uma das estratégia será a Semana Global dos Povos, entre os dias 10 e 17 de abril. O avanço foi considerado histórico pelas lideranças dos movimentos sociais. Os intelectuais também divulgaram o Manifesto de Porto Alegre, com 12 propostas para se construir um outro mundo possível. Destaque para as sugestões de impedir a livre atuação dos conglomerados de mídia e de exigir o desmantelamento das bases militares de países estrangeiros fora de seus territórios. José Saramago, Eduardo Galeano e Tariq Ali estão entre os signatários do documento. Págs. 2, 3, 5, 10 e 11
Chávez alerta para o perigo do neoliberalismo Ponderando que a maior defesa é o ataque e que os povos não podem ficar debatendo séculos a fio, o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, propôs uma agenda global de luta contra o império.
Foi ovacionado em um Gigantinho lotado, dia 31 de janeiro. Também assinou acordo com o MST para intercâmbio e reprodução de sementes nativas. Pág. 9
Dalits erguem a voz contra o preconceito
O ótimo exemplo dos países mais ricos do planeta
Realizado em Porto Alegre, o 2º Fórum Mundial da Dignidade reuniu representantes de grupos que combatem todo tipo de agressão à dignidade, como preconceito de raça, gênero e religioso. O símbolo maior dessa luta são os dalits indianos, chamados de “intocáveis” e vítimas preferenciais de assassinatos, estupros, violência e segregação econômica. Pág. 13
Enquanto pressionam os países mais pobres a abrir seus mercados, os mais ricos do planeta protegem com unhas e dentes seus agricultores. Ou melhor, com pesados subsídios diretos à produção agrícola e mecanismos de suporte aos preços domésticos, que, entre 2000 e 2002 chegaram à casa dos 228 bilhões de dólares nos países integrantes da OCDE. Pág. 8
E mais: PT EM CRISE – Para militantes do Partido dos Trabalhadores presentes no 5º Fórum Social Mundial, a sigla está sem rumo e abandonou seu projeto histórico de transformação. Pág. 14 CAPITAL vs SOCIAL – O sociólogo Emir Sader diz por que Davos e Porto Alegre representam dois mundos incompatíveis. Só há uma alternativa, a da emancipação humana. Pág. 14