Ano 3 • Número 100
R$ 2,00 São Paulo • De 27 de janeiro a 2 de fevereiro de 2005
Em Porto Alegre, resistência ao império
O FSM é plural e dele participam milhares de pessoas de todo o planeta, em busca de um mundo melhor. O Fórum de Davos não quer mudar nada. Lá estão governantes das nações ricas e executivos de transnacionais, isolados, com forte proteção policial
Eric Feferberg/AFP/AE
Agência Brasil
A reeleição de Bush é um perigo contra o qual milhares de pessoas, no Fórum Social Mundial, buscam alternativas
Restrições não seguram avanço da economia Pág. 5
Agronegócio chega à direção da Embrapa Pág. 13
Venezuela e Cuba estão na vanguarda da luta contra o neoliberalismo no continente, enquanto governos eleitos com plataformas progressistas – incluindo o governo Lula – continuam a seguir a agenda do FMI. A opinião é do sociólogo Néstor Kohan, que critica à política econômica de Néstor Kirchner. Descrente da proposta de pagamento de 25% da dívida externa argentina, apresentada dia 14 de janeiro, ele mostra as tentativas do governo de isolar o movimento social e as articulações de resistência popular. Pág. 11
Filha de sem-terra toca violino na cerimônia de inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP) Maringoni
Néstor Kohan critica política de Kirchner
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira critica a política indigenista do governo Lula, a morosidade e irregularidade na demarcação das reservas, e as pressões do agronegócio para anular conquistas obtidas na Constituição de 1988. Pág. 6
MST inaugura escola nacional em São Paulo
Douglas Mansur
As recentes mobilizações populares no país não conquistaram apenas a expulsão da transnacional Suez-Águas de Illimani. Além dos protestos contra o monopólio da água, do gás e dos hidrocarbonetos e da pressão contra o governo Carlos Mesa, toma forma um movimento separatista, autônomo de La Paz, nas províncias de Santa Cruz e Tarija. Pág. 11
Fórum Pan-Amazônico denuncia a militarização No 4º Fórum Social Pan-Amazônico, 7 mil representantes de 200 organizações e movimentos sociais debateram os principais problemas da Amazônia Continental. A militarização foi denunciada como um perigo para a paz na região, que aumenta com a reeleição de Bush. Já documento da
Avança luta separatista na Bolívia
D
e um lado, um número cada vez maior de pessoas e organizações fortalece um movimento contrário ao avanço da globalização neoliberal, pela paz e respeito aos direitos humanos, como expressa o Fórum Social Mundial. De outro, a reeleição de George W. Bush à presidência dos EUA representa uma ameaça ao mundo. No seu discurso de posse, ele defende mais intervenções militares nos países que “atentem contra a segurança dos estadunidenses”. Essas palavras foram recebidas com apreensão, inclusive nos EUA, onde o cartaz de um manifestante, no dia da posse, dizia: “Quatro anos de liberdade para Bush, Quatro anos de guerras para o mundo”. Por isso, o historiador russo Kiva Maidanik compara a política imperial do governo Bush ao nazismo alemão: os dois projetos defendem a concentração de poder pelo Estado e têm uma visão maníaca do futuro, pondo em risco a humanidade. Ele propõe a criação de uma frente única contra o “bushismo”. Págs. 2, 7, 8, 9 e 10
E mais: HABITAÇÃO — Deterioração de políticas públicas e crescimento da desigualdade deixam seu saldo: segundo a Cepal, 44% dos latino-americanos vivem em favelas. Pág. 3 MORADORES DE RUA – Continuam paradas as investigações sobre o assassinato de sete sem-teto em São Paulo. Apesar da pressão de grupos de direitos humanos, autores do crime ainda não foram punidos. Pág. 4
Construída em regime de mutirão durante quatro anos, fruto da solidariedade dos trabalhadores do Brasil e do exterior, o MST inaugurou, dia 23 de janeiro, em Guararema (SP), a Escola Nacional Florestan Fernandes. O centro educacional pretende formar militantes sociais de todo o país. “Meu filho tinha o sonho de estudar na Florestan. Mas não poderá mais, pois está morto. Continuo a construir a escola, pois quero ajudar a realizar o sonho de outros”, declarou o sem-terra Viriato Gouveia Lobo, do assentamento Manoel Neto, em Taubaté (SP). Pág. 16
Comparato quer novo estatuto de comunicação O jurista Fábio Konder Comparato lança a proposta de um novo estatuto dos meios de comunicação social. Segundo o professor de Direito da USP, para fundar, no Brasil, um autêntico regime republicano e democrático, são necessários rígidos mecanismos para o funcionamento da imprensa, do rádio, da televisão e da internet. Entre suas sugestões estão o controle de propriedade de veículos de comunicação, regulação de conteúdos de programação e mudança da atual organização oligárquica das empresas. Pág. 14