Ano 1 • Número 32 • São Paulo • De 9 a 15 de outubro de 2003
Circulação Nacional
Movimentos vão à luta contra desemprego A
esperança que mobilizou o Brasil nas últimas eleições presidenciais está se desfazendo. Mas os movimentos sociais não vão cruzar os braços diante de um país que ficou mais pobre: a renda da população ocupada caiu, o desemprego aumentou, as condições de trabalho ficaram mais precárias. Os gastos sociais do governo, que servem para irrigar a economia, foram cortados no início do ano, as empresas estatais e as instituições oficiais de crédito estão proibidas de investir, por causa do acordo com o Fundo
Monetário Internacional (FMI), que o governo Lula está pensando em renovar. Por tudo isso, a Coordenação de Movimentos Sociais prepara novas mobilizações que unificam as reivindicações da CUT, do MST, da UNE, da Marcha das Mulheres, do Grito dos Excluídos e das pastorais sociais. Os objetivos da luta são emprego, desenvolvimento e distribuição de renda. Preocupa muito aos movimentos sociais a continuidade da política econômica neoliberal no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que exige enormes sacrifícios ao povo brasileiro.
Saif Dahlah/AFP
Desenvolvimento, distribuição de renda, emprego, são as reivindicações unificadas das organizações sociais no Brasil
Israel pode levar Oriente Médio para a guerra
Justiça deve barrar transgênicos O governo cria mais problemas do que soluções em relação ao cultivo de soja transgênica. Outra vez dá sinais de omissão no cumprimento dos artigos da medida provisória (MP) que, em tese, poderiam proteger a biodiversidade e a saúde. O Ministério da Agricultura anunciou que a fiscalização ao plantio iniciado dia 1º deve começar no final do mês. No Ministério do Meio Ambiente, as áreas de preservação ainda não foram definidas. Enquanto prevalece a negligência, o Supremo Tribunal Federal vai analisar as três ações de
Ao defender a participação popular nas discussões sobre a política econômica, o senador João Capiberibe (PSB-AP) critica a irresponsabilidade das elites que contraíram a dívida externa. “A dívida deve ser renegociada a partir dos interesses da sociedade”, avalia. Contrário à criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), ele analisa a reação estadunidense às posições do governo brasileiro: “Se eles se sentem incomodados, é porque a condução das negociações nos favorece”. Pág. 5
E mais: AMÉRICA LATINA - O Grito dos Excluídos, uma iniciativa brasileira, ganha edição ampliada: o Grito Continental. A mobilização acontece, dia 12, em 22 países. Pág. 10 CRIME AMBIENTAL - Indústrias de celulose incentivadas pelo Projeto Jari são as responsáveis por emissão de soda cáustica no Rio Jari e pela poluição do ar no Pará. Um desastre ecológico é esperado para breve. Pág. 13 LUTA PELA TERRA - O fotógrafo Douglas Mansur mostra seu trabalho de 15 anos acompanhando movimentos de trabalhadores sem-terra no Brasil e no Paraguai. O resultado é objeto de pesquisa na USP. Pág. 16
Tropas israelenses intensificam ataques a palestinos em Jenin, na Cisjordânia
Violência e mortes são rotina na Febem
Luciney Martins/ Rede Rua
Capiberibe acusa elites pela dívida
inconstitucionalidade movidas contra a MP. Entre os pedidos, está o do procurador geral da República Cláudio Fonteles. Se não for barrada pelo STF, a MP pode sofrer emendas no texto original – porém, sem o aval do vice-líder do governo no Senado, João Capiberibe (PSBAP), que renunciou ao cargo por discordar da liberação da soja modificada. “Não vou defender um projeto contrário as minhas convicções, que ameaça a saúde e o ambiente, além de legalizar a subversão à lei”, critica. Pág. 3
Diante da ofensiva militar de Israel contra a Síria, domingo, dia 5, os países da Liga Árabe acusam o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon de querer arrastar o Oriente Médio para uma espiral da violência. A versão de Israel – apoiada pelos Estados Unidos – diz que o alvo na Síria era uma base do grupo palestino Jihad Islâmica, responsável pelo atentado que resultou em 19 mortos, dia 4, num restaurante em Haifa. Mas a Síria afirmou que se tratava de um acampamento de refugiados palestinos onde não há nenhum grupo terrorista. Os EUA evitaram criticar Israel e vetaram a condenação ao ato, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Contrariando a proibição contida no “Mapa da paz”, Israel também segue adiante com a construção da muralha que separa a Cisjordânia do território israelense e de mais de 500 casas em assentamentos judeus, situados em território palestino, decisão condenada pela ONU. Pág. 11
Mães de internos da Febem protestam contra mortes e maus-tratos em unidades da fundação, no centro de São Paulo
Projeto quer o fim do analfabetismo Capital externo O governo federal acaba de escrever. O programa já enfrenta não significa lançar o projeto Brasil Alfabeti- problemas: o Fundo de Manutenzado, com a meta de alfabetizar ção e Desenvolvimento do Ensicrescimento 20 milhões de pessoas até 2006. no Fundamental e Valorização Com base no Método Paulo Freire, a iniciativa pretende atingir cerca de 60 milhões de brasileiros que não conseguem ler ou
do Magistério (Fundef) não pode financiar programas de alfabetização de jovens e adultos. Pág.7
O economista José Sant´Ana, da Universidade de Brasília, acredita que a livre movimentação de dólares, em operações de curto prazo, só faz agravar a crise econômica. Ao multiplicar a dívida dos países e exigir a elevação dos juros, a especulação externa resulta em retração e causa desemprego. Para Sant’Ana, não há a menor relação entre crescimento e liberdade para entrada de capitais. Praticamente todos os países que controlaram os capitais especulativos tiveram mais sucesso no enfrentamento de crises geradas pela falta de dólares e conseguiram retomar o crescimento a taxas mais expressivas do que o Brasil, por exemplo. Pág. 5
Neste ano, oito internos foram assassinados nas unidades da Fundação Estadual do BemEstar do Menor (Febem) de São Paulo. A denúncia é de 13 entidades de direitos humanos, que entregaram um documento sobre as violências à relatora das Nações Unidas, Asma Jahangir, com relatos de torturas e abusos sexuais. Um dos jovens mortos era Sidney Queiroz, vítima de queimaduras. A sindicância que apontou suicídio não convence familiares, que chamam a Febem de “escola de criminosos”. Pág. 8
Bolivianos exigem renúncia do presidente Pág. 10
Crimes do Pará vão a tribunal internacional Pág. 6
Alca cria impasse entre EUA e Mercosul Pág. 9