Ano 1 • Número 31 • São Paulo • De 2 a 8 de outubro de 2003
Circulação Nacional
Governo de SP esconde mortes na Febem uestionado sobre mortes de adolescentes nas unidades da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), o governo do Estado de São Paulo mentiu à relatora da Organização das Nações Unidas, Asma Jahangir. Foram omitidos oito assassinatos de internos verificados em 2003. “Se as informações prestadas pelo governo estiverem erradas, vou acreditar que há alguma razão muito sinistra para esconderem o fato”, afirmou. Na capital paulista, Asma Jahangir ficou chocada com a precariedade das condições da unidade Brás da Febem. Com capacidade para abrigar 62 jovens, a unidade mantém 500 adolescentes em regime de cárcere. “Eu perguntei três vezes se alguém tinha morrido, e disseram que não”, conta. Este é o segundo incidente da visita da relatora de execuções sumárias da ONU ao Brasil. Na Paraíba, ela ouviu uma testemunha que revelou a existência de grupo de extermínio. Quatro dias depois, o depoente foi assassinado no interior do Estado. Asma pretende apresentar o relatório durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU em Genebra, em 2004. Pág. 7
Aizar Raldes/AFP/AE
Sem-teto sofrem repressão em Osasco e Recife
Marcos Michael/JC Imagem/AE
Relatora da ONU perguntou sobre casos de extermínio, e oito assassinatos em 2003 foram omitidos
Bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, vinte pessoas detidas. Esse foi o saldo de dois despejos realizados pela polícia militar, dias 25 e 30 de setembro. Em Osasco (SP), cerca de 150 famílias foram forçadas a deixar um terreno que pertencia ao ex-deputado Sergio Naya, condenado pelo desabamento do edifício Palace II, que causou oito mortes. Em Recife (PE), cerca de 350 famílias despejadas do Movimento de Luta nos Bairros (MLB) entraram em choque com a polícia e montaram barracas em frente à prefeitura. Pág. 7
Conhecida como “a guerra do gás”, uma grande mobilização popular luta contra a política neoliberal do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada. Para impedir a exportação do gás natural do país para os EUA, a Central dos Trabalhadores convocou uma greve geral, camponeses bloquearam as estradas de acesso à capital La Paz e milhares de manifestantes saíram às ruas. Pág. 10
Economia frágil piora condições de trabalho O corte no orçamento federal aliado à redução da expectativa de crescimento cria um círculo vicioso: a retração segura a produção, gera desemprego, diminui a renda, compromete as vendas e resulta em menos arrecadação. Pioram as condições de trabalho: em um ano, o número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 15%. Pág. 5
Trabalhadores paralisam a capital da Bolívia, num protesto contra a venda de gás natural aos EUA e políticas neoliberais
Continua a batalha contra os transgênicos Ao liberar o plantio da soja transgênica, o governo terá no mínimo mais dois problemas: garantir a fiscalização para evitar a contaminação de áreas de preservação e defender-se das ações que devem ser encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal, por inconstitucionalidade da medida provisória 131. A expansão da produção de soja ameaça o Parque Indígena do Xingu, devastado pelos sojicultores do Mato Grosso para manter o crescimento das exportações de soja, destinadas à alimentação do gado europeu. Págs. 3 e 6
Sem-teto que ocupavam terreno em Piedade, Região Metropolitana de Recife (PE), são despejados pela Polícia Militar
E mais: BALANÇA COMERCIAL – Superávit fiscal é um dos melhores indicadores econômicos do país. No entanto, seus benefícios são incertos. Pág. 4
Natalia Forcat
Q
Bolivianos paralisam a capital
Aumenta o trabalho escravo em Tocantins Pág. 8
OURO – Denúncias mostram que mais da metade do ouro exportado sai do país clandestinamente. Remessas ilegais chegaram a R$ 10 bilhões, entre 1990 e 2000. Pág. 8 IMPERIALISMO – Kathleen Long, ativista estadunidense, conta detalhes da campanha pelo fim da Escola da Américas, que classifica como “escola de assassinos”. Pág. 11 ÁFRICA – O mestre da tradição oral do Mali, Hampâté Bâ, é publicado no Brasil em livro que expõe narrativas africanas. Pág. 12 CONTAMINAÇÃO – Urânio empobrecido e outros elementos tóxicos começam a causar diversas doenças em soldados estadunidendes no Iraque. Pág. 13
ONGs querem cupuaçu de volta Pág. 13
Trinta anos sem Neruda Pág. 16
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