Governo cede às pressões por transgênicos M
ais uma vez o governo coloca em risco a agricultura e o consumidor brasileiros, ao se posicionar em favor das transnacionais e do governo gaúcho, que forçam a liberação da soja transgênica. Depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 19, o governador Germano Rigotto (PMDB/RS) divulgou que uma nova medida provisória (MP) iria liberar a soja geneticamente modificada na safra deste ano. Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, a decisão política já está tomada. A dúvida está em liberar o culti-
vo em âmbito nacional ou apenas no Rio Grande do Sul. Além da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos movimentos sociais, o presidente Lula terá de enfrentar o Judiciário. Segundo o desembargador Antônio Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília, a edição da MP é inconstitucional: “Existem duas liminares que suspendem o plantio e a comercialização de transgênicos. Se o presidente atentar contra essas sentenças, deverá responder por crime de responsabilidade, passível de impeachment”. Pág. 3
Victor Soares/ABR
Monsanto e grandes produtores gaúchos fazem lobby e medida provisória pode liberar soja geneticamente modificada
Lula condena militarismo dos EUA “Pode-se, talvez, vencer uma guerra isoladamente. Mas não se pode construir a paz duradoura sem o concurso de todos”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no discurso de abertura da Assembléia da Organização das Nações Unidas (ONU), dia 23, em Nova York. Para o presidente, o caminho em direção à paz passa pela justiça social, e não pelas decisões unilaterais. Lula, que não chegou a citar diretamente os Estados Unidos, defendeu o fortalecimento da ONU e do
Brasil, um campeão da exclusão social São pouquíssimos os brasileiros que têm um padrão de vida digno. O que não é muito: ter renda individual igual ou superior a 1,5 salário mínimo (R$ 360, hoje), o que corresponderia a uma renda familiar de R$ 1.296, casa própria, acesso a ser-
viços de água, esgoto, coleta de lixo, iluminação, escolaridade e cobertura previdenciária. Ou seja, tudo que 94,5% dos brasileiros, ou mais de 150 milhões de pessoas, não têm. Enquanto isso, vêm ocorrendo uma brutal transferência de renda para gran-
des grupos empresariais, bancos e especuladores nacionais e internacionais: nos últimos anos, esses setores receberam um PIB inteiro, cerca de R$ 1,5 trilhão. Às custas das condições de vida das legiões de deserdados. Pág. 5
A luta dos camponeses na América Latina
Milhares de palestinos saem às ruas para pedir a punição do primeiro-ministro isralenese Ariel Sharon pelo massacre de mais de 3 mil refugiados nos acampamentos em Sabra e Shatila, no Líbano, há 21 anos Pág. 11
E mais: MORTES NO CAMPO – Para dom Pedro Casaldáliga, a omissão do governo favorece a formação de milícias, responsáveis pelos assassinatos no campo. Pág. 6 ÍNDIOS – Ademir Martins é o vigésimo indígena assassinado no Brasil, este ano. O jovem líder kaigang foi morto dia 21, na cidade de Palmas (PR), em uma área em processo de demarcação. Pág. 8 REFORMA TRIBUTÁRIA – O projeto de reforma tributária em tramitação no Congresso é antiecológico. A constatação é de um grupo de entidades ambientalistas, que lançaram uma campanha pela Reforma Tributária Sustentável. Pág. 8 ÁFRICA – Dia 25, um tribunal islâmico julga apelo da nigeriana Amina Lawal, acusada de adultério e condenada a morte por apedrejamento. A acusação está fundamentada nos preceitos do sistema de leis muçulmano chamado sharia. Pág. 12 OMC – Na seção Debate, o professor de Economia Internacional Reinaldo Gonçalves e o deputado federal Tarcísio Zimmermann (PT/RS) analisam a posição assumida pelo Brasil na 5ª reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), no México. Pág. 14
Márcio Baraldi
Se depender do atual governo, a história da guerrilha do Araguaia permanecerá em segredo, já que a Advocacia Geral da União recorreu da decisão que permitia a abertura dos arquivos sobre aqueles acontecimentos. Ou seja, sob a argumentação de revanchismo, o governo se exime de reconhecer os culpados pelos assassinatos dos militantes do PCdoB durante a ditadura militar. E acabou se limitando ao compromisso de montar uma comissão interministerial para identificar os corpos dos desaparecidos. Pág. 7
Camponeses protestam contra a liberação de transgênicos, em frente ao Ministério da Agricultura, em Brasília, dia 23
Joseph Barrak/AFP
União mantém sigilo sobre Araguaia
multilateralismo. “Não podemos confiar mais na ação militar do que nas instituições que criamos com a visão da história e à luz da razão”, disse. Lula, no entanto, se pronunciou a favor do livre comércio “desde que haja oportunidades iguais de competir”. O presidente também defendeu sua política econômica: continuará trabalhando para manter o equilíbrio das contas públicas, e não medirá esforços para aumentar as exportações. Pág. 11
Representantes de movimentos indígenas e de camponeses da América Latina se reuniram em Caracas, Venezuela, no anúncio da reforma agrária no país andino. Os ativistas defenderam o uso comunitário da terra, a produção de alimentos voltada para o mercado interno, a manutenção dos recursos naturais nas mãos da população e contaram a história de seus povos. Entre outras personalidades, particiram do evento Blanca Chancoso (Equador), Rafael Alegría (Honduras), Evo Morales (Bolívia) e Juan Tiney (Guatemala). Pág. 10
Controle do fluxo de capitais é necessário Pág. 4
Farsa de Gugu comprova falta de ética na mídia Pág. 13
SP mostra riqueza cultural Pág. 16