Ano I ■ Número 27 ■ São Paulo ■ De 4 a 10 de setembro de 2003
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Circulação Nacional
Shawkat Khan/France Press
Sem a moratória da dívida, o país não vai crescer, afirma Celso Furtado A
suspensão do pagamento da dívida externa é condição para a economia brasileira voltar a crescer, defende o economista Celso Furtado, indicado para o Prêmio Nobel de Economia de 2003. Para ele, a moratória é uma decisão política, e não técnica. “O país não pode mais acumular débitos, nem continuar
parado”, afirmou, em seminário no Rio de Janeiro, dia 1º. Furtado diz que a economia do Brasil é aleijada: ou vive-se em recessão, como agora, ou se adota uma política de endividamento, como no governo Fernando Henrique Cardoso. Na análise da economista Maria da Conceição Tavares, a concentração de renda é
o maior problema do país. Ela considera que não há chance de o governo renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, ao mesmo tempo, garantir investimentos sociais.“Tenho sérias dúvidas de que algum governo na América Latina seja capaz de mudar as regras do FMI”, declarou. Pág. 7
Alca é uma grave ameaça de anexação acabar de vez com a democracia e a soberania dos países. Por isso, lutar contra a Alca é resistir ao domínio imperial. Esta foi a principal conclusão do Econtro Jurídico Internacional sobre a Alca, realizado em Piracicaba (SP), de 29 a 31 de agosto. Págs. 10 e 11
Há 30 anos, CIA decretava o fim de Salvador Allende
Físico denuncia sabotagem em Alcântara
■ Cerca de 150 trabalhadores de São Paulo iniciaram, dia 31 de agosto, marcha de 167 km até Aparecida do Norte para participar da nona edição do Grito dos Excluídos, dia 7 Pág. 8
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Zé Celso: Canudos ainda continua atual
Recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) são destinados à empresa francesa Suez, do setor da água, enquanto empresas públicas brasileiras não conseguem crédito para investir em saneamento básico. No primeiro semestre deste ano, o faturamento do grupo europeu chegou à R$ 67,3 bilhões, ou 4% do Produto Interno Bruto anual do Brasil. Pág. 5
E mais: ORÇAMENTO – O primeiro orçamento fiscal do governo Lula, enviado ao Congresso, apesar de manter o arrocho nos gastos, aumenta recursos destinados às áreas sociais. Pág. 3
Pág. 8
Depois da invasão, Iraque é privatizado
Fundo de garantia financia empresas estrangeiras de água
Márcio Baraldi
No dia 11 de setembro de 1973, um golpe militar, orquestrado pela CIA, dava início à mais sangrenta ditadura da América Latina sob o comando do general Augusto Pinochet. Com total apoio popular, Allende cometeu um grave erro frente ao projeto imperialista em curso: estatizou as empresas, fez a reforma agrária e governou para o povo chileno. Pág. 9
OMC - O economista estadunidense Joseph Stiglitz diz que os países em desenvolvimento não devem esperar nada da próxima reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio, que será realizada em Cancún (México), a partir do dia 9. Pág. 3 Sebastião Moreira/AE
■ Protesto em Dhaka, Bangladesh, contra as negociações na OMC
O Tratado de LivreComércio das Américas é o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte ampliado; é a mais grave ameaça de anexação jamais sofrida pelos países da América Latina. O acordo é parte de uma investida conjunta do governo dos EUA, FMI e BIRD para
REFORMA TRABALHISTA – Para Elizabeth Drake, diretora da AFL-CIO, a maior central sindical dos Estados Unidos, acordos de livre comércio são ameaças aos direitos dos trabalhadores. Transnacionais migraram atrás de melhores condições para explorar a mão de obra. Pág. 4 IMPUNIDADE - Chacina da Favela de Vigário Geral completa 10 anos. Dos 52 envolvidos, apenas dois foram condenados. Pág. 7
Pág. 16 ÁFRICA - Sul-africanos processam empresas multinacionais que colaboraram com o regime racista do apartheid. Pág. 12 DEBATE – Os deputado federais Carlito Merss (PT-SC) e Paulo Pinheiro (PT-PE) comentam a reforma tributária defendida pelo governo Lula. Pág. 14