BRASILDEFATO Ano I ■ Número 8 ■ São Paulo ■ De 27 de abril a 3 de maio de 2003
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Chefões do narcotráfico são alvo de Lula Pela primeira vez na história, um presidente brasileiro denuncia de público que o crime organizado tem os seus chefões nas altas esferas da sociedade. Disse o presidente Lula, em Vitória (ES), dia 22: “Hoje nós enfrentamos uma indústria, que eu diria até multinacional, do crime organizado. Ele tem o seu braço na política, na polícia, no Poder Judiciário, tem o seu braço nos empresários, tem o seu braço internacional”. E mais:“Só vamos combater o crime organizado quando a gente resolver pegar quem compra e quem vende, e não apenas quem está no processo de intermediação, que muitas vezes são pobres coitados, induzidos, para ganhar o pão de cada dia”. Desse modo, para o presidente, em vez da costumeira violência policial nas favelas, o combate ao narcotráfico deve se estender aos altos escalões do poder político e econômico, onde estão os verdadeiros chefões do crime organizado. Concluiu Lula: “No dia em que a inteligência da polícia for mais ousada e forte do que a força bruta, possivelmente a gente não precise invadir uma favela, mas quem sabe subir numa cobertura, numa das grandes capitais deste país, e pegar um verdadeiro culpado pelo narcotráfico”. Pág. 7 ■ Lula discursa no Palácio Anchieta, em Vitória (ES), dia 22, quando anunciou um pacote de sete medidas destinadas a combater o crime organizado no Brasil
EUA enfraquecem poder de Arafat
Argentinos vão às urnas
Por imposição do governo estadunidense, o primeiro-ministro palestino, Abu Mazem, substituiu o líder Iasser Arafat como comandante das forças de segurança da Autoridade Nacional Palestina. “Arafat não é o tipo de liderança de que precisamos na Palestina”, disse o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. Por outro lado, mesmo a França tendo concordado com a suspensão das sanções ao Iraque, Powell declarou que o governo francês não escapará a um “castigo” por não ter apoiado a guerra contra Sadam Hussein. Pág. 9
Em clima de grande apatia, os argentinos vão às urnas, dia 27, para eleger o seu novo presidente. A contrapartida é a violência policial contra trabalhadores. Com bombas de gás e balas de borracha, a polícia despejou os trabalhadores que ocuparam a fábrica Brukman, após a sua falência. Hoje, 150 fábricas argentinas funcionam nessas condições, empregando 10 mil trabalhadores. Nenhum dos cinco principais candidatos – Carlos Menem, López Murphy, Néstor Kirchner, Rodríguez Saá e Elisa Carrió - se pronunciou sobre a ação policial. Pág. 11
Brasil deve vetar acordo de Alcântara O chanceler brasileiro Celso Amorim encaminhou exposição de motivos ao presidente Lula, pedindo a retirada do acordo que permite aos EUA utilizarem a base de Alcântara (MA) para lançamento de satélites. O documento é assinado também pelos ministros da Defesa, José Viegas, e da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, dia 23, Amorim admitiu eventualmente assinar a adesão à Área de Livre Comércio das Américas, mas disse não aceitar um acordo prejudicial ao país. Pág. 5
Produtores não querem transgênicos no porto de Paranaguá A Federação da Agricultura do Paraná propôs à administração do porto de Paranaguá que por ali não seja exportada soja transgênica. Para a pesquisadora Lavínia Pessanha, a liberação dos transgênicos no Brasil faz parte de um processo iniciado em 1997. Pág. 3
ÁFRICA SACRIFICADA – Fundos antes destinados ao desenvolvimento na África agora serão usados na “reconstrução” do Iraque. Pág. 12 LUTA ANTIMANICÔMIOS – Autor do livro que deu origem ao filme Bicho de Sete Cabeças corre o risco de ser preso, por difamação. Pág. 13 LIVROS DE ÍNDIOS – Escritores índios lançam livros didáticos para as aldeias e para o público em geral. Pág. 15
BRASIL DE FATO De 27 de abril a 3 de maio de 2003
ZERO FORA – Milhares de leitores cancelaram suas assinaturas do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS, acusado de distorções. Pág. 8
Maringoni
E mais:
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