A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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Silva Jardim, Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa. “Como clube carnavalesco, o Fenianos estreava nas ruas da cidade com cortejo de alegorias e críticas, iniciando, assim, sua fase de desfiles com carros ricos em ideias, arte e fantasia.” (ARAÚJO, 2003, p. 128) Nessa direção, Sérgio Cabral confirma que, no século XIX, a classe média carioca divertia-se à europeia nos bailes de máscara – o primeiro deles foi realizado em 1840 no Hotel Itália – e nas chamadas grandes Sociedades, também identificadas como Clubes, destacando-se Tenentes do Diabo e Democráticos, a partir de 1867, e Fenianos, 1869. Seguindo a linha argumentativa de outros estudiosos, aqui mencionados, observamos que a participação das Sociedades no Carnaval influenciou a vida na cidade, principalmente nos movimentos contra a escravidão e naqueles em favor da República.

1.3.7 – A PRIMEIRA MÚSICA DO CARNAVAL Segundo Eneida, a primeira música escrita para o Carnaval foi “Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga7 (MORAES, 1958, p. 177) Aquela música, que seria sucesso em 1899, foi escrita para o Cordão “Rosa de Ouro” e o povo, após escutá-la, dela se apropriou coletivamente durante anos. Hoje, é ainda cantada entre as várias marchinhas de Carnaval. Na percepção de Edgar de Alencar, a composição imortal da maestrina Francisca Gonzaga era despretensiosa, uma marchinha de rancho, que criaria um gênero e se tornaria um clássico do cancioneiro no Brasil. “É na verdade a primeira composição nacional, carioca pelo ritmo e pelos versos, especialmente carnavalesca. No poeminha simples e na quentura do seu ritmo balouçante trazia o germe da popularidade”. (ALENCAR, 1979, p. 85) Eis a letra:

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Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935) foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Era filha de José Basileu Gonzaga, general do Exército e de Rosa Maria Neves de Lima, filha de escrava. Segundo sua biógrafa, Edinha Diniz, Chiquinha Gonzaga participou de todas as grandes causas sociais do seu tempo, denunciando assim o preconceito e o atraso social. Inclusive, abolicionista fervorosa, vendeu partituras de porta em porta, a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora e, com o dinheiro da venda de suas músicas, comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico. (Fonte: http://www.chiquinhagonzaga.com/acervo/?page_id=1781)

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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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