A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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Imprescindível destacarmos, nessas composições, a predominância do foco narrativo na primeira pessoa do singular naqueles sambas-enredos que trazem alusões ao carnaval, no contexto do emprego do vocábulo liberdade, naqueles anos de 1989 a 2012. Os autores participam da enunciação, a sua experiência é a vivida, a presenciada e testemunhada. A escrita em primeira pessoa é o reconhecimento da urgência de se posicionar como sujeito ativo, pertencente a sua escola. Ao escrever em primeira pessoa, também se permite que os espectadores se solidarizem com a agremiação dos autores e abrem-se todas as possibilidades que os pronomes “eu” e “nós” podem proporcionar, bem diferente de “ele” e “eles”. O outro passa a ser nós, em várias composições carnavalescas.

4.11 – A LIBERDADE E AS SIGNIFICAÇÕES DIFUSAS A seguir, apontaremos 33 exemplos do emprego da palavra liberdade em significações difusas. São escritas diversas que refletem sobre o estrangeiro, a celebração da bonança, a homenagem ao nordeste “tão sofrido e sem amparo”, a denúncia de que a liberdade não raiara, o gozo propiciado pela liberdade nos braços da Escola de Samba, a primavera – espetáculo das flores, liberdade é religião, o meu ideal, a liberdade de criticar o governo Collor: “Eu sou cara pintada”, a liberdade no rincão, em qualquer parte, liberdade como a do passarinho, a denúncia das prisões injustas, a liberdade sendo reluzida pela luz da lua, “na maré cheia”, a liberdade da necessidade de “vestir a camisinha, meu amor”, a liberdade de escrever um final feliz, a liberdade exercida nas máscaras e nas pinturas, a liberdade aliada à igualdade, a liberdade no vento vendaval, a liberdade no progresso social, “na luta por dignidade”. É o que nos comprovam estes excertos: 1986 – Caprichosos de Pilares: Brazil não seremos jamais... ou seremos?”: “Contra o que vem de lá/ Canto a liberdade/ Meu hino, minha verdade/ A feijoada e o vatapá”. (Anexo 41) 1986 – Império Serrano: Eu quero: “Cessou a tempestade, é tempo de bonança/ Dona liberdade chegou junto com a esperança”. (Anexo 42) 1988 – São Clemente: Quem avisa amigo é: “O nordeste tão sofrido e sem amparo/ Cidade grande, a polícia e o ladrão/ Se defendendo do monstro da inflação/ Liberdade/ Quero mudar/ O meu canal para outro mundo”. (Anexo 50)

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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013) by Pedro Belford - Issuu