Ikamiabas e atribui às amazonas a proteção da natureza diante da exploração espanhola: “As protetoras da mãe natureza/ Amazonas, na expressão da liberdade”. (Anexo 200) Necessário ressaltar que esse samba-enredo também poderia ser classificado no contexto dos indígenas, inicialmente, mas os versos “mulheres pra governar e temer”, “mulheres de luta, as filhas da guerra”, “A deusa senhora de todo lugar” fazem-nos aceitar que se trata de uma defesa da força da mulher indígena e também da mulher favelada, confirmada nos seguintes versos: “Na rocinha, o exemplo de mulher/ A coragem, a ternura e a magia/ Preservação da natureza/ Quanta beleza/ No raiar do novo dia”.
4.6 – A LIBERDADE E OS PAÍSES Nesse período de 1986 a 2013, encontramos uma diversidade de temas nos sambas-enredos cariocas e o emprego da palavra liberdade nas escritas sobre os países homenageados mereceu uma análise reflexiva. Assim, sublinhamos aqui quatro nações, a Itália, o Japão, a África e a França, o país mais citado. A Itália foi tema da Mocidade Independente de Padre Miguel, com Buon mangiare, Mocidade! A arte está na mesa, em 2005. Os bailes de Veneza, a ópera, os artistas, os maestros e os compositores foram utilizados para reverenciar aquele país, inclusive a moda, “A moda em Milão/ Mistura de cultura e liberdade/ Cobre de brasilidade/ Essa vida, esse chão”. (Anexo 157) O Japão foi agraciado por duas vezes no contexto da palavra liberdade. Em 1994, pela Unidos do Cabuçu, com “Brajiru, meu Japão brasileiro”, escrevendo-se estes versos: “Quem vai à liberdade, vai a um pedacinho do Japão/ Cerejeira é uma festa popular/ Tanaba é lenda do amor/ Banzai é uma arte milenar”. (Anexo 81) De igual forma, em 2008, a Unidos do Porto da Pedra, com o samba-enredo Tem pagode no Maru/ 100 anos de imigração japonesa, reverencia o país asiático com os versos “O Maru cruzou o mar/ Lançando à sorte, o braço forte na lavoura trabalhou/ A liberdade cultura viva”. (Anexo 194) Em 2013, a Escola de Samba União do Parque Curicica, com “Quando o samba era samba, ressignifica a África como lugar de “encanto e magia/ Berço da sabedoria”. Lá, “nasceu a liberdade a ferro e fogo”. Assim, alguns elementos da cultura afro-brasileira são retomados, mas sem relacioná-los à escravidão: “Capoeira, o samba vai levantar
133