A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013)

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autores, procedimentos que muito nos rememoram o Ó Abre alas, de Chiquinha Gonzaga, ao tornar glorioso o Cordão Rosa de Ouros.

4.3 – A LIBERDADE E A INDEPENDÊNCIA Nesse período, denominado democrático, foram coletados oito sambas-enredos que trataram da Independência do Brasil relacionada à liberdade. Em Amor, sublime amor, da Unidos do Viradouro, 1993, (Anexo 76), encontramos, mais uma vez, a referência a Tiradentes e ao lema da Inconfidência Mineira, nos seguintes versos “No sonho do herói inconfidente/ Mesmo que tarde a liberdade”. Essa música que reverencia o amor no sertão e em Palmares também aponta esse nobre sentimento no Guarani, em Orfeu, na Colombina, no Pierrot, em Chica da Silva – grafada com “x” – “Negra Xica, eu te amo!” e, de forma sugestiva, em Aleijadinho, “Na arte o amor no gênio mulato”. O autor, na estrofe que encerra o samba-enredo sobre o amor, evoca a proteção espiritual “Clareia mãe Oxum, clareia minha fé!”. A acadêmicos do Cubango, com o samba-enredo Dos Brasões do reino de Portugal ao esplendor da bandeira nacional, 1996, de forma implícita, reverencia a nobreza portuguesa como impulsionadora da Independência do Brasil “Foi riscada nesse chão/ A liberdade sonhada/ Anseios do povo/ Oh, Pátria amada”. (Anexo 86) Nessa mesma direção, o samba-enredo Dos filhos deste solo sou mãe gentil, muito prazer, Pátria Brasil, da Acadêmicos do Dendê, uma das canções carnavalescas que celebraram os 500 anos do “descobrimento” de nosso país, naquele ano de 2000, sugere, pela linearidade do texto, que o nosso processo de Independência de Portugal estava predestinado e confirmado na figura do Imperador “Luta pela liberdade/ Já tens maioridade, grita o imperador/ Fico Brasil”. (Anexo 107) Em 2002, a Unidos da Ponte, com o samba-enredo De Minas para o Brasil – Tancredo Neves, o mártir da nova República, mesclou a história daquele político com a da Inconfidência Mineira. Após destacar Tancredo como “A voz das diretas/ Com as indiretas nas mãos” e que ele “O presidente escolhido/ Que nunca foi – poderia ter sido”, o samba é encerrado com o lema dos conjurados “Liberdade, ainda que tardia/ Leva nosso herói/ Para transformá-lo em estrela guia”. (Anexo 127) O grito do Ipiranga também foi reconfigurado no verso “Num grito forte anunciei a liberdade do Brasil”, do samba-enredo Sou Tigre, sou Porto da Pedra, da pedra à 125


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ANEXOS – SAMBAS-ENREDOS

3hr
pages 201-278

4.13 – Considerações sobre este capítulo

11min
pages 170-176

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6min
pages 177-181

REFERÊNCIAS

3min
pages 182-184

4.12.4 – África

1min
page 158

4.12.5 – A Escravidão

18min
pages 159-169

4.12.3 – Palmares

1min
page 157

4.12.2 – Zumbi e Outros Referentes Negros

4min
pages 155-156

4.11 – A Liberdade e as Significações Difusas

7min
pages 149-152

4.10 – A Liberdade, o Carnaval e Outras Artes

9min
pages 144-148

4.8 – Liberdade, Mitologia e Religiosidade

4min
pages 139-141

4.9 – A Liberdade e Outras Representações

3min
pages 142-143

4.6 – A Liberdade e os Países

3min
pages 134-135

4.7 – A Liberdade e o Povo

6min
pages 136-138

4.5 – A Liberdade, as Mulheres e os Direitos Feministas

4min
pages 131-133

4.4 – A Liberdade e os Indígenas

3min
pages 129-130

4.2 – A Liberdade de Expressão

3min
pages 123-125

4.3 – A Liberdade e a Independência

6min
pages 126-128

3.9 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 4 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DEMOCRACIA

5min
pages 117-120

4.1 – Introdução ao Quatro Capítulo

2min
pages 121-122

3.7 – A Liberdade e as Significações Difusas

2min
pages 109-110

3.8 – A Liberdade e a Escravidão

10min
pages 111-116

3.6 – Liberdade e Independência

9min
pages 104-108

2.5 – Considerações Sobre Este Capítulo CAPÍTULO 3 – A PALAVRA LIBERDADE AO LONGO DA DITADURA

5min
pages 91-93

3.2.3 – Guararapes

2min
page 98

3.3 – Liberdade e República

3min
pages 100-101

3.2.4 – Indígenas

1min
page 99

2.4.5 – Chico Rei

2min
pages 89-90

3.5 – Liberdade e Carnaval

1min
page 103

3.4 – Liberdade e Povo

1min
page 102

3.1 – Introdução ao Terceiro Capítulo

2min
pages 95-96

2.4.4 – Preto Velho

1min
page 88

2.4.3 – Palmares

7min
pages 84-87

2.4.2 – Castro Alves

2min
page 83

2.2 – A Liberdade e a Segunda Guerra Mundial

5min
pages 75-78

2.3.2 – José Bonifácio

1min
page 81

1.4 – Considerações Sobre Este Capítulo

5min
pages 69-71

1.3.12 – Os Primeiros Sambas-Enredos

11min
pages 63-68

1.3.11 – Samba-Enredo

4min
pages 61-62

2.1 – Introdução ao Segundo Capítulo

3min
pages 73-74

1.3.10 – As Escolas De Samba

1min
page 60

1.3.7 – A Primeira Música do Carnaval

2min
pages 51-52

1.3.9 – O Samba

4min
pages 58-59

1.3.8 – Tia Ciata

7min
pages 53-57

1.3.5- A Praça Onze

4min
pages 44-46

1.3.6 – As Sociedades Carnavalescas

6min
pages 47-50

1.3.4 – Os Ranchos

3min
pages 42-43

1.2 – Origens e Significados do Carnaval

22min
pages 25-35

1.3.3 – Os Cordões

3min
pages 40-41

1.3.2 – O Zé Pereira

2min
pages 38-39

INTRODUÇÃO À TESE

12min
pages 14-21

1.1 – Introdução ao Primeiro Capítulo

3min
pages 23-24

ABSTRACT

1min
page 12

RESUMO

1min
page 11

RESUMEN

1min
page 13
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A liberdade inscrita nos sambas enredos cariocas (1943 a 2013) by Pedro Belford - Issuu