DA FILOSOFIA COMO POLIFONIA Gabriel Catren1
tradução de Leonel Olimpio2
texto publicado originalmente em Nombres Revista De Filosofia, Mar 27, 2013 A filosofia não tem uma musa (Es gibt keine Muse der Philosophie), afirma Walter Benjamin (“Die aufgabe des Übersetzers”). Entretanto, se ela não tem uma musa, se poderia dizer que ela tem um anjo. Haroldo de Campos
A única experiência possível, a experiência do absoluto em seu duplo sentido do genitivo, se diz de muitas maneiras. Em particular, o ek-xistir de um sujeito em um campo fenomenológico está determinado por um certo número de formas de efetuar e implantar a experiência do que é dado. Podemos manter com as múltiplas dimensões da manifestação uma experiência perceptiva (visual, auditiva etc), uma experiência de compreensão racional, uma experiência afetiva (amor, angustia, desejo etc), uma co-experiência determinada pelas modalidades acessíveis de estar-com, uma experiência ligada às distintas formas da práxis e da produção etc. Cada um desses modos possíveis da experiência (estético, teórico, afetivo, ético-político, produtivo etc) resulta de um agenciamento a priori particular das distintas faculdades subjetivas. Entre tais faculdades, cabe destacar a sensibilidade perceptiva, as disponibilidades
1 Doutor em Física pela Universidade de Buenos Aires - UBA e Doutor em Filosofia pela Université de Paris VIII – Vincennes-Saint-Denis. Pesquisador de Filosofia e Física no Instituto SPHERE - Sciences, Philosophie, Histoire (Université de Paris VII - Diderot, CNRS). 2 E-mail: leonelolimpio@tutanota.com revista lampejo issn 2238-5274 | vol. 10, n. 1
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