FAZ SENTIDO UM PARALELO ENTRE NIETZSCHE E A METAFÍSICA? DOES IT MAKE SENSE TO DRAW A PARALLEL BETWEEN NIETZSCHE AND METAPHYSICS? Robert Brenner Barreto da Silva1
resumo A vastidão de temas e o estilo agudo com o qual Nietzsche expressa seus pensamentos contribui para que ele seja estudado em múltiplos campos de investigação, não sendo trivial seu aproveitamento na literatura, estética, psicanálise, antropologia, teologia, ciências da religião e assim por diante. Quando se trata de áreas mais duras da tradição filosófica, tais como a epistemologia e, sobretudo, a metafísica, costuma-se destacar apenas a natureza crítica de suas reflexões. Isto é, fala-se de Nietzsche como sendo um antimetafísico. Do ponto de vista da história da filosofia, é recorrente e profícua a interface entre o supracitado e a hermenêutica e o existencialismo. A rigor, nessa perspectiva, é no mínimo incomum a referência a Nietzsche, em um sentido positivo, como um dos expoentes de um pensamento metafísico. Em verdade, prima facie seria um contrassenso afirmar que em sua filosofia há algum projeto ou pretensão metafísica. Na esteira do que alude Müller (1997), Mota (2009), Oliveira (2014), no entanto, a respeito de haver um teor metafísico presente no conceito nietzschiano de vontade de potência, almejo refletir, tendo por base o aforismo 36§ do capítulo “Espírito Livre” de Além do Bem do Mal, sobre a viabilidade de se realizar paralelos entre a compreensão de Nietzsche – mormente
1 Doutorando em Filosofia (UFC), bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). E-mail: roberttxplus@gmail.com revista lampejo issn 2238-5274 | vol. 10, n. 1
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