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Prefácio

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Introdução

Introdução

como sobreviver num mundo que mesmo a querida Corrie teria dificuldade em reconhecer.

Retiro isso. Ela iria reconhecer. E saberia exatamente o que fazer frente às novas guerras que sussurram holocaustos globais e ameaçam a sobrevivência de toda a humanidade: ela direcionaria, com firmeza, as pessoas e, ao mesmo tempo, com gentileza, para o Salvador, lembrando-as de que Ele ainda é vitorioso. Ela nos lembraria da velha história de que Jesus venceu o pecado, não importando quão feio e pernicioso ele seja. E que logo — talvez mais cedo do que pensamos — Ele finalmente fechará a cortina do pecado e do sofrimento, do ódio e dos holocaustos, para acolher Seus sobreviventes em casa.

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Mais uma coisa. No outono de 2004, quando estava num voo de 24 horas para a Índia, minhas décadas de vida finalmente me atingiram. Estava com muita dor, sentada sobre meus ossos finos e cansados pela tetraplegia. Para passar as horas e afastar o incômodo, comecei a ler outro livro de Corrie, Life Lessons from the Hiding Place (Lições de vida do Refúgio Secreto). Senti um nó na garganta quando li sobre sua incrível paixão por viajar pelo mundo para compartilhar o evangelho de Cristo. Aos 85 anos, Corrie ten Boom estava enfrentando voos como este… e se ela pôde fazer isso, pela graça de Deus, eu também posso! Era toda a inspiração e encorajamento de que eu precisava para a extenuante viagem. Uma vez mais, Corrie ten Boom tinha falado.

A história de Corrie é tão atual e envolvente como sempre foi. É por isso que estou feliz em recomendar a você — parte de uma nova geração de leitores — esta edição especial de O Refúgio Secreto. Ela foi feita para aqueles cuja alma está esfarrapada e exausta, e para cada indivíduo que precisa atravessar as garras de seu próprio sofrimento. E se você chegou até aqui, é para você. Vá um pouco mais adiante e descobrirá o que eu descobri há tanto tempo…

Se a graça de Deus pôde sustentar Corrie naquele campo de concentração, então Sua graça é suficiente para você. Com Sua ajuda, você pode sobreviver. E, como diria Corrie, você vai!

Joni Eareckson Tada Joni and Friends

Em maio de 1968, passei diversos dias num centro de refugiados em Darmstadt, Alemanha. Numa época em que a maioria dos alemães preferiria não pensar sobre o holocausto, ou até mesmo negar completamente que havia acontecido, um grupo de mulheres luteranas que se autodenominavam Irmandade Evangélica de Maria, assumiu para si a tarefa do arrependimento por sua nação. Elas davam assistência a sobreviventes judeus, ouviam suas histórias e divulgavam a verdade sobre o passado nazista.

Enquanto eu estava naquele centro, participei de um culto vespertino que tinha dois oradores. O primeiro era um homem que tinha sido prisioneiro num campo de concentração. Fora espancado e passara fome; seu pai e seu irmão tinham morrido no campo. O rosto e o corpo do homem contavam a história com mais eloquência do que suas palavras: olhos assombrados pela dor, mãos trêmulas que não podiam esquecer.

Em seguida, subiu ao púlpito uma mulher de cabelos brancos, rechonchudinha e com sapatos sóbrios. Seu rosto irradiava amor, paz e alegria. A história que essas duas pessoas relataram era a mesma. Ela, também, havia estado num campo de concentração, vivenciado a mesma selvageria, sofrido perdas idênticas. A reação do homem era fácil de entender. Mas e a dela?

Ao final do culto, fiquei para trás para conversar com ela. Cornelia ten Boom, era evidente, havia encontrado num campo de

concentração, conforme predisse o profeta Isaías, um “...esconderijo contra o vento, de refúgio contra a tempestade […] sombra de grande rocha em terra sedenta” (ISAÍAS 32:2).

Retornei à Europa com meu marido John, para conhecer essa mulher incrível. Juntos visitamos a estranha casinha holandesa, do tamanho de um cômodo, onde, até seus 50 anos, ela vivera a monótona rotina de relojoeira solteirona, nem imaginando, enquanto cuidava de sua irmã mais velha e do pai idoso, que um mundo de grande aventura e perigo mortal estava prestes a acontecer. Fomos ao jardim no sul da Holanda, onde a jovem Corrie entregou para sempre o seu coração. E à grande casa de tijolos em Haarlem, onde Pickwick servia café de verdade, mesmo em meio à guerra.

E durante todo o tempo, tivemos a extraordinária sensação de que não estávamos olhando para o passado, mas para o futuro. Como se aquelas pessoas e lugares não estivessem falando conosco sobre coisas que já haviam acontecido, mas sobre experiências que estavam à nossa frente. E logo nos vimos colocando em prática o que aprendemos com ela sobre: • suportar a separação; • contentar-se com menos; • segurança em meio à insegurança; • exercício do perdão; • como Deus usa a fraqueza; • lidar com pessoas difíceis; • enfrentar a morte; • amar os inimigos; • o que fazer quando o mal vence.

Comentamos com Corrie sobre a praticidade das coisas que ela lembrava; como suas memórias pareciam lançar uma luz sobre problemas e decisões que enfrentamos aqui e agora. — Mas, — disse ela. — é para isso que serve o passado! Cada experiência que Deus nos dá, cada pessoa que Ele coloca em nossa vida é a preparação perfeita para um futuro que apenas Ele pode ver.

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