O novo patamar do manejo do sistema sucroenergético - OpAA70

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cientistas e especialistas O coeficiente de sorção padronizado para carbono orgânico (koc) também precisa ser observado na lista de herbicidas. Essa característica permite ao profissional conhecer a disponibilidade dos herbicidas no solo. Geralmente, dentre os herbicidas usados em cana-de-açúcar, valores de koc inferiores a 600 mg g-1 indicam que a retenção das moléculas nos coloides do solo é fraca. Com isso, o processo de dessorção para a solução do solo é facilitado e garante o residual para controle. O coeficiente octanol-água (kow) também é necessário ser observado, pois herbicidas que possuem kow >10 (log kow >1) são indicativos de que a molécula possui afinidade com lipídeos. Como são constituintes de membranas, a capacidade de penetração nos tecidos e nas células vegetais é maior, sendo indicativos de herbicidas de ação também em pós-emergência. Finalizadas as três etapas iniciais e em posse do levantamento das plantas daninhas de maior predominância (etapa 1), o produtor deve retomar a listagem de herbicidas que tenham eficácia de controle (informação disponível na bula dos produtos ou com o fabricante). Dessa lista, devem ser descartados os herbicidas que não são compatíveis com a época da aplicação almejada (etapa 2) e, para auxiliar, basta ter identificada a solubilidade da molécula (etapa 3). Os herbicidas restantes, na listagem inicial, serão os que possuem solubilidade adequada à época de aplicação e às plantas daninhas levantadas.

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Opiniões Definidas as moléculas de herbicidas que comporão o manejo, as informações sobre o koc e kow podem ser utilizadas. Respectivamente, indicarão se a molécula terá residual no solo (efeito pré-emergência sobre as plantas daninhas) e se poderá ser aplicada também em pós-emergência. Para finalizar todo o processo, analisa-se a dose a ser aplicada (etapa 4). A quantidade do herbicida deve ser aplicada de acordo com a textura do solo: solos argilosos exigem doses mais elevas e solos de textura média ou arenosa, doses menores de herbicidas. As doses para cada tipo de solo são preconizadas pelos fabricantes e estão na bula do produto. Os solos argilosos necessitam de maiores doses, porque parte das moléculas ficará retida nos coloides e parte permanecerá disponível na solução do solo. Ao contrário, solos médios e arenosos precisam receber menores quantidades de herbicidas, pois possuem menores quantidades de coloides, e os processos de retenção são diminuídos. O processo de retenção aos coloides do solo e de dessorção (desprendimento) à solução do solo é fundamental para manter a capacidade pré-emergente do herbicida e ocorre durante a meia vida do herbicida (período em que as moléculas ainda não foram degradas por microrganismos). Enquanto houver molécula de herbicidas na solução do solo, o controle em pré-emergência está garantido. Quando as sementes das plantas daninhas iniciam seu processo de germinação, absorvem água da solução do solo. Como em meio à água, há moléculas herbicidas (desorvidas), o efeito do produto inicia-se logo nas primeiras células do processo mitótico de desenvolvimento das sementes. O resultado é a morte das plantas daninhas ainda no estágio de plântula. Considerações finais: Ao identificar a flora daninha, a época da aplicação, a físico-química (solubilidade, pka, koc e kow) e a dose dos herbicidas, o profissional do agronegócio abrange critérios técnico-científicos que o auxiliarão no posicionamento do herbicida na cultura cana-de-açúcar. Com isso, as moléculas proporcionarão controles eficazes e seletividade sobre o desenvolvimento da cana-de-açúcar, além amenizar sua lixiviação e volatização e, assim, contribuir para a preservação dos recursos ambientais. n


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