Algodão
Vilão da qualidade Vetor de viroses, capaz de se alimentar e sobreviver em plantas daninhas e diversos cultivos, o pulgão-do-algodoeiro é uma séria ameaça à produtividade e à qualidade da fibra. Modificações na dinâmica populacional do inseto e no sistema de produção fazem com que o manejo integrado de pragas (MIP) necessite ser tratado de forma mais estratégica em função das multiculturas hospedeiras
Germison Tomquelski
O
Brasil a cada ano se destaca na produção de algodão mundialmente. Entre os fatores que proporcionam essa posição está a qualidade de fibra, que permite ao País aumentar as vendas para os mais diversos mercados. A região do Cerrado proporciona condições intrínsecas para que a cultura tenha um bom desenvolvimento e, ao final, uma boa colheita. As estratégias de manejo, aliadas ao outono e inverno secos por ocasião da colheita, proporcionam condições ideais para a qualidade da fibra em relação a comprimento, refletância, micronaire, entre outros parâmetros. Ao mesmo tempo, o agroecossistema no Centro-Oeste promove um ambiente favorável à multiplicação de pragas, pois prevalece um sistema de produção com grandes extensões de áreas, com as culturas muitas vezes semeadas em janelas extensas, propiciando que as pragas migrem entre talhões próximos. Aliado a isto, outros fatores como condições climáticas favoráveis, altas temperaturas no verão, e inverno ameno, tornam-se ideais para a multiplicação dos insetos. A planta de algodoeiro é atacada por um grande número de pragas, que durante o ciclo da cultura são capazes de causar redução na produção e na qualidade do produto, resultando em prejuízos consideráveis. A cultura chega a alcançar, em determinadas cultivares e regiões, 220 dias no campo, levando a grandes desafios, uma vez que pode compreender várias gerações de espécies pragas Entre as pragas, o pulgão Aphis gossypii é uma das primeiras que aparecem na cultura, colonizando plantas pequenas, já no início do ciclo. Nessa fase pode causar danos que impactem e até limitem a produtividade. No passado, com a utilização de cultivares sensíveis à doença azul (mosaico das nervuras), o pulgão do algodoeiro foi alvo de 80% das pulverizações realizadas para o controle de pragas (Papa, 2001). Atualmente, na região dos Chapadões (Chapadão do Sul, Costa Rica/ Mato Grosso do Sul e Chapadão do Céu/Goiás) o cotonicultor tem realizado em média de três a seis intervenções para o seu manejo ao longo do ciclo da cultura. Os pulgões são insetos de tamanho pequeno, coloração variável de amarelo-claro a verde-escuro. Vivem sob as folhas e brotos novos das plantas, sugando a seiva. Os adultos apresentam tamanho em torno de 1,5mm, sendo o ciclo médio de oito dias. É uma praga em que a fêmea pode gerar de 25 a 50 indivíduos, sendo a longevidade média dos indivíduos de 20 dias. A capacidade de reprodução destes insetos é
www.revistacultivar.com.br • Julho 2020
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