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Comunicação e confiança: estudos de caso

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Para ter em mente

Para ter em mente

Exemplos de protocolos de comunicação

China - Hong Kong

O governo de Hong Kong, entendendo a necessidade de ter uma comunicação muito próxima das famílias no retorno às aulas, incluiu em suas orientações de retorno, instruções explícitas sobre como a escola deveria se comunicar com os pais. Dentre as determinações, ficou estabelecido que a escola deve reforçar a comunicação utilizando diferentes canais, como sites, mensagens de texto e de voz, além de aplicativos. Para garantir o alinhamento e a clareza das informações, o guia traz um modelo de carta, que deve ser entregue aos pais em casos de notificações de Covid-19 na escola.

EUA - Tennessee

O governo do Tennessee divulgou instruções específicas para gestores escolares sobre comunicação com alunos e famílias, a fim de estabelecer uma comunicação mais efetiva. Dentre as determinações, foram divulgados modelos de cartas que poderiam ser utilizadas para comunicar pais e funcionários acerca de eventuais casos de Covid-19 detectados na escola. Além disso, o governo criou um portal para atualizar as notificações de Covid-19 nas escolas, que confere mais transparência às decisões, uma vez que é possível consultar os dados de contágio na região em que se localiza a escola.

Comunicação e confiança: os casos da Bolívia e do Chile

Bolívia

Em novembro de 2019, um governo de transição assumiu a condução do país. Com a chegada da pandemia em março/2020, autoridades se viram diante do desafio de suspender as aulas presenciais. Em junho/2020, três meses após determinar o

fechamento das escolas, o governo publicou um decreto regulamentando o ensino à distância.

Nesse contexto, o Ministério da Educação foi acusado por movimentos sindicais de definir questões importantes para a educação sem diálogo e consenso, o que fez uma onda de protestos e manifestações ganhar força em todo território nacional. A Igreja Católica foi convidada para mediar o diálogo entre as instituições e o governo, mas ante a dificuldade de construção de pontes, um mês depois da suspensão das aulas, o governo comunicou o cancelamento do ano letivo. Dentre as justificativas utilizadas pelo Ministério da Educação estava “o lamentável atraso tecnológico decorrente das últimas décadas”. Na Bolívia, cerca de 34% da população reside em áreas rurais, sendo que destes, apenas 6% têm acesso à internet. Na área urbana, ainda que a conexão seja mais acessível, com a pandemia, a renda de muitas famílias foi comprometida, o que fez com que a

notícia de cancelamento do ano letivo fosse recebida com alívio por uma parcela da população, que não teria como arcar com os custos da conectividade.

Decorrido o período de um ano de governo provisório, a liderança à f rente da pasta do Ministério da Educação foi substituída (novembro/2020). O novo ministro, professor de carreira e com passagem por movimentos sindicais, anunciou a realização do Sexto Encuentro Pedagógico Plurinacional, que contou com a presença de pais, estudantes, professores de áreas rurais e urbanas,

representantes de organizações sociais, instituições vinculadas ao trabalho educacional e delegações do Ministério da Saúde e

de Obras Públicas. Com um discurso focado na construção de diálogos com diferentes atores, o atual ministro se pronunciou contrário ao cancelamento do ano letivo, e a favor do retorno às aulas presenciais. Assim, em dezembro/2020, dirigentes do sindicato entregaram as propostas do setor para o ano letivo de 2021, incluindo protocolos de retorno e biossegurança, propostas de revisão curricular e estratégias metodológicas para nivelamento dos alunos. Contudo, embora o retorno presencial estivesse previsto para acontecer em fevereiro, o país se viu diante do desafio de iniciar o ano letivo remotamente quase que na totalidade das escolas, tendo em vista a chegada da segunda onda de contágios.

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