Revista J.P | Edição 160

Page 31

POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA

HISTÓRIAS DA TERRA SANTA

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Um dos destinos mais procurados pelos brasileiros hoje, nossa colunista e suas lembranças de uma Israel mais tranquila e menos turística Em 1953, meu pai foi enviado à Tel-Aviv para abrir a primeira delegação diplomática em Israel. Ali, o conflito com os palestinos era intenso, deixando a cidade sem nada. Tínhamos de ir, por exemplo, até Beirute, capital do Líbano, para comprar o básico. No entanto, apesar da dificuldade, vivemos experiências inesquecíveis visitando todos os lugares santos ao redor. O Brasil ajudou a erguer a famosa basílica Dormition Abbey e, na cripta, existem oito altares representando os países que a ergueram. No altar do Brasil consta o nome de meu pai. Morávamos em Tel-Aviv, cujo nome significa “colina da primavera”, cidade fundada em 1909 por uns judeus que se instalaram no subúrbio do porto de Jafa. Em 1950, Tel-Aviv e Jafa se juntaram e hoje em dia é a segunda maior economia do Oriente

Médio, atrás apenas de Dubai. Quando olho nossas fotografias dessa época, fico impressionada como a região se desenvolveu. Lembro de ficarmos boiando nas águas salgadas do Mar Morto – que, aliás, é um lago – sem ninguém por perto. Agora é um lugar repleto de resorts. O rio Jordão era também tão deserto a ponto de uma tartaruga morder meu pé. Hoje em dia é imundo e milhares de pessoas se banham ali... Todos os meus amigos que vão a Israel voltam encantados, mas confessam que visitar a Basílica do Santo Sepulcro, na Cidade Velha de Jerusalém, é um pesadelo, já que, por mês, são registradas 350 mil turistas. No segundo andar da igreja, no lugar onde a cruz de Jesus foi colocada, as pessoas só podem passar rapidamente, pois a fila é gigantesca e o calor das velas

acesas dos devotos insuportável. Quando estávamos lá, levamos nossa avó Mariquinhas, religiosa fanática, que quando chegou ao local desandou a chorar de emoção, rezou por horas. A Basílica do Santo Sepulcro foi construída pelo primeiro imperador cristão, Constantino 1º, e foi destruída várias vezes em guerras. A última grande reforma foi feita pela Unesco, que fechou o local para refazer as estruturas, e reabriu em 21 de março de 2017, inaugurando a edícula, a pedra onde Jesus foi sepultado. Hoje fico pensando: será que eu deveria voltar a Israel...? Melhor guardar essas lindas e santas lembranças n

viajante insaciável, KIKI GARAVAGLIA já correu o mundo e, no momento, pode estar em londres ou marrakesh. só tem medo de morrer sem antes conhecer dubai

JANEIRO 2020 J.P 29


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Revista J.P | Edição 160 by Editora Glamurama - Issuu