Vestígios da memória: fotografias do patrimônio arquitetônico paulista

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“O Engenho Central de Piracicaba, às margens do rio Piracicaba, é um local icônico e de fácil assimilação visual com a cidade. Uma construção imponente como a do engenho atrai os olhos e a atenção de qualquer um que passe por ali. Felizmente a estrutura foi tombada e, preservada, abriga diversas atividades culturais.” Mauricio Simonetti

1883 – PIRACICABA

ENGENHO CENTRAL Avenida Maurice Allain, 454 Uso original – Engenho Central de Cana-de-açúcar Uso atual – complexo artístico e cultural Tombamento – Condephaat, 2014 Foto – Mauricio Simonetti, 2009

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Do café ao açúcar. Os engenhos de cana-de-açúcar, no entanto, existiam nas terras paulistas desde o início da colonização do país, muito antes do plantio extensivo de café. Começaram a ser implantados na década de 1530 pelos donatários das capitanias de Pernambuco e São Vicente. Grandes latifúndios e mão de obra escrava foram alicerces para sua expansão e sobrevivência por mais de trezentos anos. No final do século XIX a atividade passou por uma grave crise, pois as tradicionais fazendas de açúcar não conseguiam competir com os preços do produto no mercado internacional, que se modernizara. Desta crise surgiram os engenhos centrais. O Engenho Central de Piracicaba iniciou suas atividades em 1883, no mesmo local da fundação da Freguesia de Santo Antônio de Piracicaba. Foi uma concessão imperial dada ao Barão de Rezende, um dos mais influentes políticos do partido conservador local. Sua história está ligada à expansão do sistema ferroviário, à substituição da mão de obra escrava pela do imigrante, à penetração do capital estrangeiro no Brasil e à industrialização. A crescente urbanização da cidade durante o século XX acabou por dificultar seu funcionamento e em 1974 foi desativado. Participou, portanto, das transformações do setor açucareiro nacional ao longo de quase um século e continua até hoje fazendo parte da vida de quem passa ou visita o local. Suas máquinas e ferrovias não funcionam mais, mas deixaram suas marcas. Traz à memória uma imagem da exploração do trabalhador pela alta burguesia, da acumulação do capital e da exploração indiscriminada dos rios e das matas; e por outro lado, uma imagem do espírito empreendedor, do progresso da técnica e da conquista de mercados. Vestígios que podem levar a diferentes interpretações. Atualmente funciona como um complexo artístico e cultural. Lá estão instalados o Teatro Municipal Erotídes de Campos, o Salão Internacional do Humor e a célula inicial do Museu da Cana-de-açúcar.


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